No dia 4 de janeiro, os termômetros do Rio de Janeiro ultrapassaram os 40°C e os cariocas sentiram na pele uma sensação térmica de 50°C.
 
Se as previsões se concretizarem, 2016 será o terceiro ano consecutivo de recorde das máximas de temperatura. 
 
Pouco mais de um mês depois da COP21, um dos maiores eventos de sustentabilidade do planeta, o serviço meteorológico do governo britânico, o Met Office, as temperaturas globais devem bater novo recorde em 2016. Segundo a instituição, que divulgou na última segunda-feira a “previsão do tempo” para o ano, a temperatura média global em 2016 deve ser 0,84°C mais alta do que a média do período entre 1961 e 1990. Se confirmada, essa tendência trará um feito inédito no registro climático global: três recordes históricos de temperatura máxima batidos em três anos consecutivos.
 

2014 foi o ano mais quente desde que as medições globais começaram a ser feitas com termômetros, em 1880: as médias naquele ano foram 0,61°C mais altas do que no período entre 1961 e 1990. Os registros de 2015 indicam que apenas entre janeiro e outubro o recorde de 2014 já havia sido batido, com 0,72°C. Não se tem notícia de uma onda de frio entre novembro e dezembro e a chegada do inverno ao hemisfério norte não atenuou a alta. Ou seja, 2015 superou 2014 como o ano mais quente da história.
 
No ano passado, o El Niño, que foi batizado de “Godzilla”, fez com que o aquecimento global batesse 1°C em relação à era pré-industrial. O efeito do El Niño, somado ao da mudança climática, deve garantir a continuidade do calorão neste ano.
 
O Met Office diz não esperar que o futuro seja assim, com um recorde de temperatura batido atrás do outro, indefinidamente (ufa!). O escritório afirma, porém, que as mudanças causadas pelo acúmulo de emissões de gases do efeito estufa na atmosfera têm a indesejável propriedade de potencializar flutuações naturais do clima, como os El Niños e as variações em ciclos naturais dos oceanos, como a Oscilação Decadal do Pacífico e a Oscilação Multidecadal do Atlântico.
 
Esses fenômenos naturais alteram de tempos em tempos a circulação marinha, que é o coração do sistema climático global, e são capazes de esquentar ou resfriar o mundo sem nenhum auxílio externo.
 
No Brasil, que teve uma série de recordes de temperatura quebrados no ano passado e, isso poderá significar um verão escaldante, como os cariocas já descobriram, e uma continuidade dos problemas no abastecimento de água em São Paulo. Em Brasília, onde chuvas abundantes marcam um verão quase normal (costuma ser uma época de temperaturas amenas na capital), o preço dos condicionadores de ar começa a cair — que, provavelmente, serão muito necessários no outono.
 
 Publicado originalmente no blog do Observatório do Clima.