O que um carro movido à bateria e guiado através de um teclado, um ventilador brilhante e pequenas obras de arte têm em comum? O fato de serem todos feitos através da reutilização de materiais eletrônicos descartados. Tudo isso é criado por conta do CRC (Centro de Reutilização de Computadores) no projeto Inclusão Digital, que prepara jovens para recuperar computadores antes considerados fora de uso (e de vez em quando fazer uma arte), e é realizado pela rede de ensino Marista. O CMID (Centro Marista de Inclusão Digital), resultado dessas atividades, tem base na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, contando hoje com cerca de 250 alunos de diferentes idades.

O Ministério das Comunicações é um dos parceiros da rede de ensino para viabilizar a inclusão. Responsável por trazer e incentivar a exposição das obras na base, o coordenador geral da Secretaria de Inclusão Digital, Denis Rodrigues, aponta nessa atividade uma contraproposta a realidade atual de consumo e a própria reciclagem. “Estamos nessa de consumir mais e mais. Sempre que algo já aparenta não estar 100%, nós trocamos, e a partir daí encontramos nesse projeto um bom começo para rebater. Além de não ser necessário o processo de reciclagem, otimizando o tempo”.

Dentro desse cenário, Rodrigues acredita que a preocupação com a sustentabilidade está inserta direta e indiretamente na colaboração social apresentada pela atividade. “Os computadores recuperados vão para telecentros e diferentes grupos com iniciativas de inclusão social, assim, ajudamos a difundir um pouco de informação, além dos jovens envolvidos na reconstrução desses computadores que criam condições para um bom futuro.”

O papel social que o CMID oferece também é ressaltado pelo monitor e professor Leandro Schneider. Ele entende que as oportunidades são grandes para quem atua nesse ramo do mercado. “Muitos dos nossos alunos acabam nem terminando o curso, o que eu não considero uma pena, já que eles vão trabalhar em diferentes locais do País fazendo o que aprenderam por aqui”. Schneider acredita também que o mercado valorizará quem conseguir pensar em um desenvolvimento não tão agressivo ao meio ambiente.