Polícia está autorizada a retirar invasores de reitoria a partir das 17h de hoje

Estudantes exigem saída de PM do campus e fim de processos administrativos de protestos anteriores

Daniel Marenco/Folhapress

Oficial tenta entregar notificação de reintegração de posse

DE SÃO PAULO

Três horas de reunião ontem não foram suficientes para que estudantes e direção chegassem a um acordo para a desocupação da reitoria da USP, invadida na quarta por alunos que pedem a saída da PM da Cidade Universitária, na zona oeste de São Paulo.
O impasse aumenta os temores de um confronto. Ontem, um oficial de Justiça foi até o prédio e notificou os manifestantes às 17 horas. A partir dali, a desocupação tem de ser feita em 24 horas. Se os estudantes não deixarem o local até a tarde de hoje, a polícia está autorizada pela Justiça a usar a força, se preciso.
Os invasores, porém, dizem que vão ficar pelo menos até quarta, para quando marcaram uma nova assembleia.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o comandante da PM, Álvaro Camilo, discutiram ontem à tarde estratégias para a desocupação.
Uma última tentativa de acordo será tentada hoje de manhã entre reitoria e manifestantes, a pedido da Justiça. Os estudantes, no entanto, não haviam definido até a conclusão desta edição se estariam ou não presentes.
Além da saída da PM, os invasores querem o fim de processos administrativos contra 20 alunos que participaram de atos em anos anteriores.
Em troca da desocupação, a reitoria oferece a criação de grupos para discutir o convênio firmado com a PM. Também se dispõe a discutir os processos disciplinares contra os alunos. Ontem, integrantes da direção disseram que essa é a proposta final.
A PM passou a atuar oficialmente no campus em setembro, numa reação ao assassinato de um estudante no início do ano. A decisão dividiu estudantes e professores.
Na quinta da semana passada, três alunos foram detidos por posse de maconha. Houve reação de colegas, que investiram contra a PM. Policiais usaram bombas de efeito moral e cassetetes para levar os rapazes à delegacia -depois eles foram liberados.
Na mesma noite, um grupo de cem estudantes invadiu um prédio administrativo da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas). Na terça passada, mais de mil alunos realizaram uma assembleia que decidiu, por 559 votos a 458, pela desocupação do edifício.
A minoria derrotada, porém, decidiu invadir a reitoria, onde hoje há cerca de 50 manifestantes. Anteontem, uma assembleia que reuniu 300 estudantes decidiu pela manutenção da ocupação. A Cidade Universitária tem 50 mil alunos. (RAPHAEL SASSAKI, RAFAEL SAMPAIO, CRISTINA MORENO DE CASTRO E ANDRÉ CARAMANTE)

fonte: folha de sp