SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO

Patrimônio da Humanidade tombado pela Unesco em 2001 e dono de um parque nacional marinho, de 112,7 km² desde 1988, o arquipélago de Fernando de Noronha encerra uma história que se funde à dos primórdios das navegações no Atlântico Sul.

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Conjunto de 21 ilhas cuja área soma 26 km² e dista 540 km de Recife (cerca de 1h40 de voo) e 350 km de Natal (ou 1h de avião), o arquipélago está nos mapas há 500 anos –e há controvérsia sobre autoria e data do achamento.

Com o morro do Pico ao fundo, o quadrimotor Viscount presidencial é recebido por militares em Noronha

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A promulgação do Tratado de Tordesilhas, ratificada pelo papa em 1494, dividia entre Portugal e Espanha as terras do sul da América: o meridiano a 370 léguas a oeste de Cabo Verde dava aos lusos as terras a leste e, aos espanhóis, cabiam as áreas a oeste da linha imaginária.

Naquela época, é possível que os navegadores já conhecessem o arquipélago brasileiro, estratégico em travessias transoceânicas a caminho do Novo Mundo.
Os mapas do espião italiano Alberto Cantino (1502) e do cartógrafo espanhol Juan de la Cosa (c. 1500) já registravam o contorno dessas ilhas.

O PRIMEIRO

Há historiadores que creditam o pioneirismo de ter avistado o arquipélago a Gaspar de Lemos.

Capitão da nau de mantimentos da esquadra de Pedro Álvares Cabral, Lemos teria passado pelo arquipélago em 1500, na viagem de volta a Lisboa para dar ao rei a notícia do descobrimento do Brasil e a carta de Pero Vaz de Caminha.

Os demais navios da expedição capitaneada por Cabral dobraram o cabo da Boa Esperança e foram às Índias.

Já outros creditam o descobrimento ao navegador Américo Vespúcio, que se supõe ter passado ao largo da costa norte da América do Sul em 1499, como partícipe da expedição do espanhol Alonso de Ojeda às Índias.

O florentino –o nome de fato é Amerigo Vespucci– pode também ter avistado o arquipélago na expedição exploradora da costa brasileira de 1503, que foi financiada pelo rico comerciante cristão-novo português Fernando de Noronha (ou Fernan de Loronha).

É pacífico que o próprio Fernando de Noronha nunca esteve em pessoa no arquipélago que nomeou.
É certo que esse fidalgo e investidor recebeu, em 1504, a concessão para explorar o pau-brasil nas costas continentais brasileiras –e que, nessa época, virou donatário da capitania hereditária relativa a essas ilhas, que mais tarde herdaria seu nome.

Fonte: Folha.com