Trabalhos de limpeza do colégio onde 12 crianças foram assassinadas teve início nesta 2ª. Aulas devem recomeçar no dia 18, com presença de artistas

Começou na manhã desta segunda-feira a limpeza da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, palco do massacre de 12 crianças na última quinta-feira. A polícia trabalhava no local desde o dia do crime, fazendo a perícia nas salas de aula onde Wellington Menezes de Oliveira abriu fogo contra os estudantes. Terminada a análise da cena do crime, teve incício o trabalho para apagar do local as marcas da chacina. Garis e funcionários da escola terão pela frente a missão de remover do chão e das paredes as manchas de sangue das vítimas do atirador – e do criminoso, que atirou contra a própria cabeça pouco após os assassinatos.

Em seguida, os materiais dos alunos, deixados para trás no momento em que eles fugiram do atirador, serão devolvidos às crianças pela direção da escola. Enquanto passa pela limpeza, o colégio continuará fechado. O movimento de policiais ao redor da escola é bem menos intenso nesta segunda. A maioria das pessoas que se dirige ao local deixa no muro da escola faixas, cartazes e flores em homenagem às vítimas. De acordo com o diretor Luis Marduk, o muro deverá tornar-se um mural em que os próprios estudantes poderão fazer desenhos exaltando a paz e a alegria.

As atividades normais da escola deverão ser retomadas somente na próxima segunda-feira, dia 18. Para melhorar o clima de recepção aos alunos, a direção convidou artistas para se apresentarem no colégio. Espera-se que os convidados especiais consigam incentivar as crianças e adolescentes a retornar ao local onde viveram momentos de verdadeiro terror.

Atirador – Quatro dias após o massacre, o corpo de Wellington continua no Instituto Médico Legal (IML) à espera de reconhecimento de algum familiar. Caso não seja reclamado em até dez dias, o assassino será enterrado como indigente.

Os pais de Wellington estão mortos e ele tinha cinco irmãos adotivos – dois estão no Rio e três em Brasília. Em entrevista ao jornal O Globo, um dos irmãos disse que a família ainda não decidiu se vai liberar o corpo do rapaz, por medo de ser atacada por pessoas revoltadas com o crime. “A decisão não está tomada. A gente não sabe o que fazer (com o corpo de Wellington). Também não sabe o que fazer com casa, roupas, documentos. Estamos sem pai nem mãe”, comentou o familiar, que pediu para não ser identificado.

O medo da família do criminoso aumentou no último sábado, quando a casa onde o atirador morou com a mãe, também em Realengo, amanheceu pichada com dizerem como como “covarde” e “assassino”. No domingo, os portões e vidros foram depredados. Nos fundos do lote, ainda mora uma das irmãs do atirador. “Cadê a polícia, não tem? É um patrimônio humilde, mas tem valor sentimental”, reclamou ela ao jornal.

Fonte: VEJA