Com as novas resoluções, quase um quarto dos produtos fabricados no Brasil e enviados aos argentinos se tornam alvo de medidas protecionistas

Para Cristina Kirchner, as medidas protegem a indústria argentina de assimetrias (AFP)

Para Cristina Kirchner, as medidas protegem a indústria argentina de "assimetrias" (AFP)

O governo da presidente Cristina Kirchner aplica uma saraivada de medidas protecionistas que restringem ou atrasam a entrada de produtos brasileiros no mercado argentino. Segundo a consultoria portenha Abeceb, do total de exportações realizadas pelo Brasil para a Argentina, 23,9% são alvo de barreiras – quase um quarto das vendas.

A proporção indica um salto em relação ao ano passado, quando as medidas protecionistas atingiam 13,5% dos produtos fabricados no Brasil destinados à Argentina. Assustado com o crescente superávit comercial brasileiro, o governo Kirchner costuma argumentar que as medidas protegem a indústria nacional das “assimetrias”. De janeiro a abril, o Brasil acumula saldo positivo de 1,33 bilhão de dólares com a Argentina. A previsão da consultoria Abeceb é que o superávit chegue a 6,5 bilhões de dólares este ano.

Nos últimos 12 meses, o governo argentino dificultou a entrada de eletrodomésticos, chocolates e máquinas agrícolas; aplicou valores critério (preço mínimo) para a importação de bidês e vasos sanitários; e tomou medidas adicionais de segurança para brinquedos. Já constavam da lista de restrições de anos anteriores autopeças, material de transporte, calçados e toalhas. De quebra, pairam ameaças sobre as vendas de carne suína.

A situação preocupa o Brasil, que estuda uma retaliação para breve. Segundo fontes do governo, “não adianta conversar com os argentinos”. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, esteve em Buenos Aires em fevereiro e voltou com o compromisso de que os produtos brasileiros seriam excluídos das barreiras. Mas as promessas não foram cumpridas, o que irritou um dos auxiliares mais próximos da presidente Dilma Rousseff.

(Com Agência Estado)

Fonte: VEJA