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O livro Arqueologia da Amazônia Tridimensional, de autoria do jornalista, advogado e ativista ambiental Hércules Góes é um olhar abrangente e analítico sobre a influência do homem na maior floresta tropical do planeta e a principal fonte de biodiversidade do mundo.

Abrangente porque perscruta as pesquisas arqueológicas do Período Paleoindígena na região, por volta de 11.000 a.C. a 8.500 a.C e noticia o exitoso Fundo Carbono Suruí, lançado na COP 16, no México, com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável e o fortalecimento cultural dos povos da Terra Indígena Sete de Setembro, localizada em Rondônia, envolvendo a Equipe de Conservação da Amazônia (ACT Brasil), a Forest Trends, o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam), o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e a Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé.

Analítico, porque trás em seu bojo os anais do VIII Seminário Internacional de Sustentabilidade, realizado no auditório da Uniron Shopping, em Porto Velho, nos dias 22 e 23 de novembro de 2010. O encontro, promovido pela Revista Ecoturismo, debateu a Amazônia em uma perspectiva tridimensional: passado, presente e futuro se entrelaçaram para formar a Amazônia 3D. O passado lastreado nos estudos arqueológicos, na história, cultura, meio ambiente e turismo. O presente com a decisão da construção de obras estratégicas na região, como as usinas de Belo Monte, Jirau, Santo Antonio, as linhas de transmissão, a Rodovia Transoceânica, e a proposta do novo código florestal. O futuro, na perspectiva de novos tempos de mudanças climáticas, com a redução do desmatamento e metas para diminuição dos gases de efeito estufa, alinhando a região com a vanguarda dos movimentos ambientalistas mundiais.

O livro contextualiza a Amazônia sob a ótica do seu histórico paradoxo: de um lado, abriga recursos extremamente importantes em escala planetária, como a água, a biodiversidade e as riquezas minerais ainda não muito bem avaliadas. Por outro lado, esse mesmo potencial representa uma oportunidade imensa para o crescimento socioeconômico da região e do próprio Brasil. Entretanto, a destruição da floresta resultante da exploração madeireira, da expansão da fronteira agrícola e da pecuária extensiva, tem posto em risco a sua sustentabilidade. Sem querer transformá-la numa “gigantesca” reserva natural que ameace os legítimos anseios de desenvolvimento das populações locais, a obra alerta que urge tomar medidas preventivas e conservacionistas que permitam chegar a um verdadeiro “Desenvolvimento Sustentável” na região.