A fome para combater a fome provocada pelas mudanças climáticas. Essa é a energia que mantém o ambientalista Matthieu Balle, da organização Climate Justice Fast (Justiça Climática Rápido), em pé desde que parou de comer para pressionar os líderes reunidos em Copenhague, na Dinamarca, para que cheguem a um acordo global ambicioso sobre o clima.

Ao redor dele no stand da entidade, todo mundo almoçava sanduíches ao meio-dia de hoje. Mas Matthieu, 26 anos, garante que há 23 dias não coloca nada na boca além de água e um pouco de sal. “Até o quarto dia, foi a pior fase. Depois, todos os dias são iguais. Me sinto um pouco cansado, mas não o suficiente para desistir de um superacordo em Copenhague”, afirmou ele, que é instalador de painéis solares em Paris.

O francês garante que está sendo acompanhado por um médico a cada dois dias e que, por enquanto, não sofre ameaças à saúde. Ele assegura que só vai voltar a comer se os governantes chegarem a um tratado satisfatório na sexta-feira, último dia da conferência. A preocupação imediata da Climate Justice Fast é com os países que vão começar a ter racionamento de alimentos se o aquecimento global persistir.

“Não tenho medo e estou disposto a ir até o fim”, disse Matthieu, que já perdeu 11 kg desde o início do jejum – agora ele pesa 63 kg. “Parece que a vida começa a entrar em risco a partir do 46º dia. Os líderes ainda tem tempo para concordar sobre a necessidade de agir agora e salvar o nosso planeta.”

Mas, para outras duas ativistas da organização, Ana e Sara, a situação começa a ficar mais complicada. Elas iniciaram o protesto e entraram hoje no 40º dia de greve de fome. Ao contrário de Matthieu, as duas já sentem os efeitos da falta de alimentação. Elas têm procurado repousar, mas fazem questão de aparecer ao menos uma vez por dia no Bella Center, onde desde a segunda-feira passada as delegações de 192 países estão reunidas.

A greve de fome não é um protesto exclusivo desta organização, que fez um apelo para que, na quinta-feira todos, os membros de organizações não-governamentais não comam para pressionar por um acordo. Desde o início da conferência, ao menos outros três ativistas já anunciaram greve de fome, duas do Greenpeace e uma da Indian Youth Climate Networks.

COP-15
A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, de 7 a 18 de dezembro, que abrange 192 países, vai se reunir em Copenhague, na Dinamarca, para a 15ª Conferência das Partes sobre o Clima, a COP-15. O objetivo é traçar um acordo global para definir o que será feito para reduzir as emissões de gases de efeito estufa após 2012, quando termina o primeiro período de compromisso do Protocolo de Kyoto.

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