A tartaruga marinha é um bicho peculiar. Bem peculiar. Não apenas por ser um animal pré-histórico, mas também porque demora a copular (e quando o faz, briga), volta para o local onde nasceu somente para desovar, põe uns mil ovos de uma vez só (dos quais apenas um chega à vida adulta) e os abandona. Para nunca mais voltar.

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Essa característica independente, no entanto, a coloca como um animal muito vulnerável não apenas às intempéries da vida, mas também à exploração predatória do ser humano. Existem sete espécies de tartarugas marinhas no mundo (cinco delas vivem na costa brasileira) -e todas estão ameaçadas de extinção, algo reconhecido internacionalmente.

Marina Lang/Folhapress
Tartaruga-verde criada em cativeiro na base do projeto Tamar, na praia do Forte (BA); ONG tem três décadas de atividade
Tartaruga-verde criada em cativeiro na base do projeto Tamar, na praia do Forte (BA); ONG tem três décadas de atividade

Há três décadas, foi a partir dessa realidade -e do fato de que não havia uma legislação ou programa para conservação marinha no Brasil- que o projeto Tamar iniciou as suas atividades no Brasil para, décadas depois, se tornar a ONG ambiental mais emblemática do país.

A espinha dorsal do Tamar se localiza na Praia do Forte, base primogênita do projeto na qual há 30 km de praias monitorando cerca de 2.000 ninhos de tartarugas (a desova ocorre entre setembro e março, com ponto alto em dezembro), a maior quantidade de turistas, uma grande lojinha de suvenires e o bar do Souza (onde o visitante pode fazer um “pit-stop” para comer um delicioso polvo grelhado e os lendários bolinhos de peixe do estabelecimento).

Tartarugas nascidas e criadas em cativeiro também podem ser vistas -assim como espécies bem esquisitas, cuja residência se situa a mais de mil metros de profundidade marítima.

No total, o projeto Tamar mantém 23 bases no Brasil (há uma em Ubatuba, no litoral norte paulista). Tudo isso para preservar as espécies de tartarugas cabeçuda, de pente, oliva, de couro (que é a mais ameaçada) e verde. São cerca de 20 mil desovas com 900 mil filhotes liberados ao mar, para a grande odisseia de sobrevivência.

Se antes o principal algoz das tartarugas marinhas era a pesca predatória ou acidental, hoje o panorama de ameaça está nos detritos lançados ao mar. “Cerca de 60% das mortes de tartaruga hoje estão relacionadas à ingestão de lixo”, afirmou a bióloga Luciana Franco Verissimo à Folha. O plástico, de acordo com ela, é a principal causa da morte por esse fator.

Mesmo com as dificuldades, o projeto traz resultados positivos na temporada de desova entre 2010 e 2011: foram cerca de 18,2 mil ninhos registrados e protegidos -com aproximadamente 1,2 milhão de filhotes chegando ao mar em segurança (um aumento de 20% em relação à temporada reprodutiva anterior). Para um projeto que narra o começo da sua existência a partir do nada, em termos de pesquisa, preservação e legislação, nada mal.

SERVIÇO

Projeto Tamar – Praia do Forte
Endereço: Caixa Postal 2219 – CEP 41950-970
Preços:
Grátis para crianças de até 1 m; R$ 7,50 (estudantes, idosos e crianças entre 1 m e 1,5 m); R$ 15 nos demais casos. Passaporte família: R$ 35
Site: www.projetotamar.org.br

 

 

Fonte: Folha