Seleção foi ainda pior do que na estreia – desta vez, merecia ter perdido. A Copa América continua sendo péssima para o técnico Mano Menezes e sua equipe

Jogadores do Paraguai comemoram gol de empate contra o Brasil, durante jogo da primeira fase da Copa América - 09/07/2011

Jogadores do Paraguai comemoram o gol de empate contra o Brasil: para os adversários da seleção, empate foi injusto (Marcelo Sayao/EFE)

A seleção ouviu gritos de ‘olé’ da torcida paraguaia. E o gol brasileiro no finalzinho acabou decretando um placar injusto para a partida – se alguém merecia ter saído com a vitória em Córdoba, era o Paraguai

Depois de uma estreia muito ruim contra a Venezuela, a seleção brasileira enfrentou o Paraguai em sua segunda partida na Copa América com a responsabilidade de se redimir diante da torcida. Mas o jogo deste sábado contra o Paraguai, em Córdoba, na Argentina, foi ainda pior. O time comandado por Mano Menezes não só voltou a apresentar um futebol paupérrimo como também levou sufoco, empatando no finalzinho, por 2 a 2, com gols de Jadson e Fred para o Brasil e Santa Cruz e Valdez para o Paraguai. Agora, em dois jogos disputados no torneio, o Brasil tem só dois pontos, com dois gol marcado e dois sofridos, e segue com uma situação indefinida num torneio que classifica nada menos que oito das doze seleções que participam da primeira fase. O jogo que decidirá o futuro do Brasil na competição será na noite de quarta-feira, contra o Equador, também em Córdoba (confira a tabela completa). O Paraguai, que também tem boas chances de terminar o grupo em primeiro lugar, fecha sua participação na fase de grupos contra a Venezuela, também na quarta. O Brasil, quem diria, terá de ficar de olho nesse jogo para saber o que precisará fazer para se classificar.

O time entrou em campo modificado em relação à equipe da estréia, com o meia Jadson no lugar do atacante Robinho. Apesar da alteração na formação tática e na escalação, a equipe brasileira teve um início de jogo bastante parecido com o da estreia, no empate sem gols com a Venezuela. O Brasil não conseguiu se livrar da marcação dos rivais e custou a construir boas jogadas. Pior: chegou a ser pressionado pelo Paraguai, que teve a primeira chance de gol da partida, desperdiçada por Lucas Barrios. O primeiro lance feito ao estilo da seleção imaginada por Mano Menezes – veloz, de bom passe e muita criatividade – aconteceu só depois de 110 minutos de Copa América, num ataque costurado por Ganso, Jadson e Alexandre Pato, que invadiu a área mas perdeu uma ótima chance de gol ao tentar driblar o goleiro Villar ao invés de arriscar o chute. Mas o jogo da seleção não fluía, o que levou o treinador brasileiro a se irritar e até dar sinais de desequilíbrio – enquanto seu time fazia um primeiro tempo ruim, Mano Menezes discutia com torcedores que estavam nas arquibancadas atrás do banco.

Leo La Valle/EFE

Jogadores do Brasil comemoram primeiro gol em jogo contra o Paraguai, pela Copa América - 09/07/2011

A festa do primeiro gol, de Jadson

O técnico voltou a se virar na direção das arquibancadas aos 38 minutos, quando o Brasil desencantou e enfim marcou seu primeiro gol na disputa do torneio – e justamente através de uma aposta de Mano Menezes, que bateu palmas olhando para a torcida para comemorar o 1 a 0 marcado por Jadson. O lance, no entanto, foi um lampejo do meia, e não uma jogada bem construída pela seleção. Ramires avançou na marra, enquanto se enroscava com os marcadores paraguaios, e a bola sobrou para Ganso, que soltou rápido para Jadson ajeitar e bater firme, de fora da área, no canto direito do goleiro Villar. E foi essa a participação breve e decisiva de Jadson no jogo – pendurado com um cartão amarelo, ele nem voltou para o segundo tempo da partida. Em seu lugar entrou Elano, o que já mostrava que Mano Menezes não pretendia soltar mais a equipe nem tentar dar espetáculo no gramado de Córdoba. Ganso, que jogou melhor que na estreia mas ainda não foi o camisa 10 que se espera, e Neymar, que não conseguiu desenvolver seu futebol contra o jogo físico dos paraguaios, continuaram em campo enquanto Jadson era substituído.

Falhas – Neymar deu o primeiro chute a gol dos brasileiros no segundo tempo, aos 9 minutos, em lance individual, sem levar perigo a Villar. Um minuto depois, porém, a seleção conseguiu uma proeza pouco desejável: tomar um gol de contra-ataque enquanto vencia a partida e tinha em campo uma formação desenhada para manter a vantagem no placar. Mal posicionada, a defesa brasileira só assistiu enquanto um cruzamento rasteiro vindo da esquerda encontrou o centroavante Santa Cruz sozinho na área, com tempo de sobra para empurrar a bola para as redes. Falha tripla de Lúcio, Thiago Silva e André Santos, que colocou o Brasil de novo sob pressão. Aos 20 minutos, num dos raros lances nesta Copa América em que Ganso e Neymar reeditaram sua parceria de Santos, o atacante recebeu um lindo passe do meia, mas desperdiçou uma chance claríssima de gol, tentando fazer uma finta desnecessária. E o castigo veio no minuto seguinte, com o gol de virada do Paraguai, que surgiu em outro drible inútil, desta vez de Daniel Alves, na grande área do Brasil.

Leo La Valle/EFE

Neymar e Darío Verón disputam bola em jogo do Brasil e Paraguai, pela Copa América - 09/07/2011

Neymar foi a grande decepção

O lateral do Barcelona perdeu a bola de forma tola, e o bom atacante Valdez, que tinha entrado no lugar de Barrios, logo depois do gol de empate paraguaio, recebeu na entrada da pequena área. Lúcio ainda bloqueou o chute de Valdez, mas a bola bateu no paraguaio e caiu no fundo do gol. Enquanto o Paraguai fazia o segundo gol, Lucas aguardava na beirada do campo para substituir Ganso. Em desvantagem no placar, Mano Menezes desistiu de tirar o camisa 10 – o volante Ramires foi o escolhido para deixar o gramado. Mas a substituição não resolveu nada. Lucas mal conseguiu tocar na bola, já que a seleção não tinha volume de jogo suficiente para ameaçar os paraguaios. Enquanto isso, o Paraguai continuava tendo chances – aos 37 minutos, Vera invadiu a área e quase colocou Valdez de novo na cara do gol. Um dos únicos lances de perigo do Brasil no segundo tempo, por incrível que pareça, foi uma bola parada – Elano teve uma falta frontal ao gol para bater, e exigiu uma boa defesa de Villar. A seleção terminava o jogo ouvindo os gritos de “olé” da torcida paraguaia, maioria no estádio. Neymar, uma decepção, saiu de campo vaiado, dando lugar a Fred. E o centroavante, num lance isolado de oportunismo, arrancou o empate aos 44 minutos do segundo tempo, depois de outro passe de Ganso. O gol brasileiro no finalzinho acabou decretando um placar injusto para a partida – se alguém merecia a vitória, era o Paraguai.

fonte:  VEJA