Nós, cientistas, arqueólogos, técnicos, engenheiros, empresários, profissionais liberais, consultores, entidades de classes empresariais, entidades do terceiro setor, entidades governamentais, estudantes universitários, participantes do IX Seminário Internacional de Sustentabilidade, reunidos na cidade de Porto Velho – Estado de Rondônia, no auditório da Faculdade São Lucas, nos dias 17 e 18 de novembro de 2011, cientes de que é preciso conter o ritmo atual de desmatamento na região, formulamos propostas que vão aqui contidas na carta que denominamos GRITO DA AMAZÔNIA E DESMATAMENTO ZERO.

 

Dos debates, concluímos que o processo de exploração da Amazônia, na forma que vem ocorrendo, coloca em riscos à vida dos rios, às nascentes e às espécies de plantas e animais que deles dependem, além de impactar fortemente o planeta, contribuiu nas últimas décadas, para o significativo aumento da temperatura mundial, fenômeno conhecido como aquecimento global. Este fenômeno, gerado pelo aumento da poluição do ar, tem provocado o derretimento de gelo das calotas polares e o aumento no nível de água dos oceanos.

 

GRITO DA AMAZÔNIA E DESMATAMENTO ZERO

 

Durante os dois dias do seminário, discutimos problemas e propostas ao crescimento econômico que o país vivencia, sem perder o olhar para o meio ambiente e as conseqüências das mudanças climáticas, que impactam fortemente no clima, nos costumes, culturas e nos patrimônios do passado.

 

Direcionamos as discussões sobre os rumos da sustentabilidade climática e energética na Região Norte do país, enfocando, ainda, a construção das usinas hidrelétricas de Santo Antônio, Jirau, Belo Monte, Ferreira Gomes e Rondon II, procurando evidenciar as vantagem e desvantagens de suas realizações.

 

 

Com base no que resultou dos debates, formulamos propostas que aqui vão destacadas:

 

Que a farta geração de energia sirva para direcionar para um novo desenvolvimento econômico, não mais baseado só na exploração da floresta e dos nossos recursos minerais, mas que traga a industrialização como uma nova alternativa de diminuir a pressão populacional e garantir o crescimento da região.

 

Com relação ao novo texto do Código Florestal, concordamos que deve priorizar a contenção do ritmo atual de desmatamento na região, pois da forma como vem ocorrendo, coloca em risco os nossos rios, nascentes e a várias espécies de plantas e animais, além de impactar fortemente o planeta. É necessário recuperar as áreas já degradadas e com tecnologia aumentar os pólos agrícolas, e com isso, combater a fome, que afeta gravemente alguns países e pode ter conseqüências para grandes nações no futuro.

Manifestamos profunda preocupação com a eventual anistia aos autores dos desmates e poluição ocorridos até o ano de 2008. Também concordamos que é preciso resistir a eventual redução das APPs e Reserva Legal, sobretudo na Amazônia.

 

Concordamos que a construção da Rodovia Interoceânica, que possibilita maior interação entre Brasil e Peru, com destino a Machu Picchu, proporcionarão acesso facilitado a um dos maiores centros culturais e turísticos das Américas, demonstrando que é possível desenvolver o comércio, a cultura e o turismo, como forma de diminuir a pressão sobre a exploração da floresta, pois ao ampliar esse leque de oportunidades, brasileiros, bolivianos, peruanos e venezuelanos, e até os povos dos países os caribenhos terão um mercado diversificado e promissor economicamente. O mesmo acontece com a exploração da arqueologia na Amazônia brasileira e internacional na região amazônica.

 

Ratificamos que o crescimento sustentável das cidades amazônicas deve incluir planejamento e realização de obras de infraestrutura, como água tratada, saneamento básico, ordenamento das ocupações urbanas, preservação dos córregos, igarapés e as respectivas matas ciliares, além da criação de parques e florestas urbanas para a manutenção de clima mais ameno. Sem estas medidas saneadoras, os problemas da saúde da população tende a serem potencializados, ampliando ainda mais o número de doentes.

 

No encerramento do IX Seminário Internacional de Sustentabilidade, manifestamos apoio à Campanha – Grito de Esperança pela Amazônia, que solicita à Organização das Nações Unidas a declaração do Ano Internacional da Amazônia.

 

Finalmente, concluímos que é preciso debelar o mal que adoece o país, que é a corrupção. Esta, indubitavelmente, é uma ameaça à sustentabilidade, pois as principais obras de infraestruturas padecem deste vício, deixando a população carente de benefícios.

 

Decidimos enviar esta carta à organização do COP17, que acontecerá em Durban, na África do Sul, e à organização da Conferência Rio + 20, que ocorrerá no Rio de Janeiro, em 2012, eventos que reunirão centenas de autoridades de todos os países do mundo para discutir os rumos das mudanças climáticas no planeta. Também encaminharemos cópia ao Senado Federal, Câmara dos Deputados, e às Assembléias Legislativas de todos os estados da Amazônia, bem como às Câmaras de Vereadores.

 

Somos signatárias desta carta, com o compromisso de manter a vida no planeta.

 

Instituto Federal de Rondônia – IFRO

 

Faculdade São Lucas

 

Universidade Federal de Rondônia – UNIR,

 

CREA

 

AROM

 

Sinduscon

 

Governo de Rondônia

 

Sedam

 

Semdestur