Em Itu, moradores sofrem com a falta de água. Já em em Araçatuba, o Rio Tietê não é poluído e garante o abastecimento da região.

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Duas cidades que ficam próximas ao Rio Tietê – o mais importante de São Paulo – vivem realidades diferentes nesta longa estiagem que ameaça o abastecimento de água no estado.Torneira seca é cena comum em Itu. “Só Deus para ter dó e mandar chuva, porque a coisa está feia”, diz o motorista Altamiro Farias

A cidade enfrenta a pior seca dos últimos 90 anos. As represas só estão com 5% de água. “Estou querendo ir embora daqui, porque eu não aguento mais esta vida”, comenta uma moradora.

Há dois meses, os moradores têm água por apenas dez horas, a cada dois dias. Isso quando ela chega. A apenas três quilômetros do local, há fartura de água. Paisagem bonita, mas só a paisagem. É que antes de chegar a Itu, o Rio Tietê passa pela Região Metropolitana de São Paulo e recebe esgoto e poluentes químicos.

Bem pertinho do rio, um cheiro muito forte, muito desagradável, a água é totalmente escura. Na margem, muita sujeira de todo tipo. É um desperdício toda aquela quantidade de água que, poluída desse jeito, não serve para nada.

Se fosse limpa, a água poderia ser captada e resolveria o problema da seca em Itu e em outras cidades ao longo do rio. Mas assim, tão suja, não dá para aproveitar.

“O tratamento ficaria muitíssimo caro. Esse rio é considerado classe 4. Ele não é utilizável para abastecimento público”, explica o geólogo Antônio Carlos Oliveira.

Em Araçatuba, a pouco mais de 400 quilômetros de Itu, a realidade é bem diferente. O Rio Tietê não é poluído. Muito pelo contrário: é o trecho mais limpo do estado de São Paulo.

Lá, são 58 quilômetros de extensão do rio. A cidade foi a primeira não ribeirinha a captar água do Tietê para abastecimento público. Hoje, 55 mil moradores recebem, na torneira de casa, a água retirada do rio.

A estação de tratamento ficou pronta no ano passado. Se não fosse ela, o município, que possui quase 200 mil habitantes, estaria enfrentando problemas de abastecimento por causa da seca que atinge todo o interior paulista. Mas, quando a obra começou a ser feita, em 2002, foi muito criticada.

“Se não houvesse aquele planejamento lá trás, a zona norte da cidade estaria desabastecida”, comenta o gerente de operações Fernando Torres.

Por dia, são captados e tratados 5 milhões de litros que abastecem 30% da cidade. Quando a dona de casa Luiza Nonaka conta que a água que recebe em casa vem do Tietê, muita gente fica surpresa.

“Quando eu falo que a água é do Rio Tietê, ninguém acredita”, diz a moradora.