Um relatório divulgado nesta quarta-feira (6) pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) aponta que pelo menos 60 índios foram assassinados no ano passado. Segundo o documento, a suspeita é de que em 39 casos os assassinos também eram índios.

O relatório sobre a violência contra os povos indígenas foi divulgado na quarta-feira, no 6º Acampamento Terra Livre, montado na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Índios de várias etnias estão reunidos para discutir melhorias nas aldeias.

Segundo a antropóloga Lúcia Rangel, que coordenou o estudo, a violência é fruto de falta de perspectiva nas aldeias. “Eles não têm onde trabalhar, não tem terra para plantar, há casos de alcoolismo, há casos de trabalho escravo e uma situação bastante degradante de vida”, afirma.

Além do registro de assassinatos, o estudo mostra que o número de suicídios ainda é alto. Foram 34 entre os guarani-kaiowá só no ano passado.

O estudo do Cimi também denuncia falta de assistência médica nas aldeias, como explicou Nito Nelson, representante dos índios guarani-kaiowá. “A estrutura dentro da aldeia tem que melhorar. O agente de saúde não tem estrutura na mão para poder atender melhor nosso paciente, nosso amigo, nosso irmão”, diz.

O diretor do Departamento de Saúde Indígena da Funasa, Wanderlei Guenka, reconheceu que faltam profissionais e explicou como está tentando melhorar o atendimento nas aldeias. “Somente nesses dois anos incorporamos mais de 500 viaturas da remoção de pacientes, a entrada de equipe de saúde. Todo esse processo é discutido com o controle social. Com certeza, a Funasa vai atingir a estrutura mínima necessária para atendimento da saúde dos povos indígenas”, disse.

O relatório foi entregue ao ministro da Justiça, Tarso Genro, e ao presidente da Funai, Márcio Meira.

Fonte: Do Globo Amazônia, com informações do Globo Rural