Começa hoje, 11 de novembro, e segue até dia 22, em Varsóvia, na Polônia, a 19ª Conferência das Partes – COP 19, com o objetivo de trilhar novos caminhos para um acordo internacional para cortar emissões de gases de efeito estufa.

Esta conferência é uma importante reunião, onde estarão presentes governos de mais de 190 países, que vão discutir sobre um acordo internacional para temas associados à mitigação, financiamento e adaptação às mudanças climáticas. O objetivo deste acordo é obrigar os países a agir, por força de lei, a reduzir o lançamento de gases para a atmosfera. O novo tratado deverá ser assinado por todos os países na conferência em Paris, em 2015, e entrar em vigor a partir de 2020.

O novo acordo internacional teve a sua criação definida na COP17 na África do Sul, visando substituir o antigo Protocolo de Kyoto vigente de 2008 a 2012, que buscava garantir que os países desenvolvidos reduzissem suas emissões em 5,2% entre 2008 e 2012 com base nas emissões de 1990. O Protocolo Kyoto não alcançou suas metas, principalmente por não contemplar grandes emissores mundiais, como os Estados Unidos, que não ratificaram o protocolo, e países em desenvolvimento como o Brasil, Índia e China, responsáveis por uma grande parte das emissões globais. Segundo André Nahur, coordenador interino de mudanças climáticas e energia do WWF-Brasil, diz que “o grande desafio do novo protocolo a ser definido em 2015 é definir padrões seguros de emissões respeitando a responsabilidade histórica dos países e garantindo um desenvolvimento de baixo carbono para o mundo com base em um princípio de equidade”.

A conferência deste ano começa dando exemplos de como os países tem tratado o tema, segundo a chefe da delegação do WWF, Tasneem Essop: ” O governo polonês tem demonstrado como não lidar com essa importante negociação e tem expectativas muito baixas para esta reunião. Ele estão tentando emplacar uma abordagem que respalda o carvão como um carvão verde, coisa que não existe”. De acordo com ela, o mundo das políticas de clima e energia ainda é pautado por interesses de empresas de combustíveis fósseis e não por decisões que buscam um objetivo comum do que é o melhor para o mundo e para a humanidade.

A COP 19 começa em um contexto mundial complexo de mudanças climáticas, em que os níveis seguros de emissões de gases de efeito estufa foram atingidos em maio de 2013. O 5º Relatório do IPCC, lançado em setembro deste ano, reafirmou que há mais de 95% de probabilidade que a ação do homem é responsável pela elevação média da temperatura , principalmente por causa da queima de combustíveis fósseis e do desmatamento, chegando a aumentos de 40% de CO2 na atmosfera desde 1750.

Brasil exerce importante papel na política do clima

O Brasil se apresenta como um importante membro do BASIC, formados também pela África do Sul, Índia e China, com negociadores de alto nível, e muitas vezes com papel de liderança em questões específicas na UNFCC  (Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas). “Apesar de o Brasil ter reduzido quase 80% de sua meta de 36.1 a 38.9% de suas emissões, principalmente com base na redução do desmatamento na Amazônia, o país continua investindo principalmente em energia hidroelétrica, geração elétrica baseada em carvão e na exploração do petróleo, desconsiderando o seu potencial solar e eólico e perdendo a oportunidade de criar um desenvolvimento baseado em baixo carbono e de segurança climática para a sua população,” avalia André Nahur, coordenador interino de mudanças climáticas e energia do WWF-Brasil.

No âmbito das negociações internacionais, o WWF-Brasil espera que os governos concordem para fechar a lacuna de emissões antes de2020; estabeleçam um processo independente de especialistas para garantir uma estrutura de referência em equidade; dediquem-se para mobilizar recursos para um financiamento climático, e que a COP 19 resulte  numa trajetória clara para aumentar o financiamento público até US$ 100 bilhões por ano até 2020; e, por último, cheguem a um acordo comum em 2015.

O WWF-Brasil reafirma a importância de o governo brasileiro assumir um protagonismo nas negociações buscando um acordo climático global que garanta uma segurança climática, considerando o grande impacto do aquecimento global no seu território e em comunidades marginalizadas e carentes que sofrem com estas mudanças.

Sobre o WWF-Brasil: é uma organização não-governamental brasileira dedicada à conservação da natureza com os objetivos de harmonizar a atividade humana com a conservação da biodiversidade e promover o uso racional dos recursos naturais em benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações. O WWF-Brasil, criado em 1996 e sediado em Brasília, desenvolve projetos em todo o país e integra a Rede WWF, a maior rede independente de conservação da natureza, com atuação em mais de 100 países e o apoio de cerca de 5 milhões de pessoas, incluindo associados e voluntários.

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