O BNDES passará a exigir restauração de parte da terra para conceder financiamentos de longo prazo, informou hoje o chefe da Área de Meio Ambiente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Márcio Macedo Costa, em evento da Coalizão Brasil, Clima, Floresta e Agricultura, no International Union for Conservation of Nature (IUCN), sobre os retornos dos investimentos em florestas.

O tema florestas é trabalhado no Brasil pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), integrante da Coalizão, e representa no país iniciativas empresariais internacionais como as Parcerias para Tecnologias de Baixo Carbono (LCPTi, na sigla em inglês) e We Mean Business.

O CEBDS, a Coalizão, o LCTPi e o We Mean Business trabalham as questões relativas às florestas ponto de vista dos negócios. O foco do LCPTi é o desenvolvimento e a proposição de soluções de negócios sustentáveis por meio de parcerias público-privadas; e o do We Mean Business, nessa área, é a proposição às empresas de não utilizarem produtos oriundos de áreas desmatadas ou de exploração ilegal em sua cadeia de produtiva.

Pagamento pela preservação

Segundo Márcio Costa, é importante reconhecer o valor das diferentes inciativas de reflorestamento, informa Lilia Caiado, assessora técnica do CEBDS presente ao evento que tratou desse tema hoje, quarto dia da COP 21.

“Restauração é nossa segunda chance em termos de Redd, acrescentou Ana Yang, no mesmo painel. Ana é presidente da FSC Brasil, braço da organização Forest Stewardship Council que supervisiona a exploração milhões de quilômetros quadrados de florestas no mundo. O Reducing Emissions from Deforestation and Degradation (REDD), é o mecanismo de pagamento por resultados pela redução das emissões por desmatamento e degradação florestal.

Eucaliptos versus florestas

Ainda durante o evento da Coalizão Brasil, Clima, Floresta e Agricultura na COP 21, Roberto Waack, presidente do Conselho Diretor do WWF-Brasil. Segundo ele, para comparar a taxa de retorno da plantação de espécies nativas à do eucalipto, é necessário melhorar as técnicas de plantio das espécies nativas, de maneira que sua taxa de crescimento se aproxime da que é obtida com o eucalipto e também garanta mercado.

De acordo com Waack, o mercado para madeiras em geral e móveis não é tão garantido quanto o de celulose e, o mais importante: é preciso zerar o desmatamento ilegal. “Não se pode pedir ao investidor para entrar em um mercado que tem a ilegalidade como competidor”, acrescentou Waack.

Sobre investimentos em restauração florestal, Bruno Mariani, presidente da Symbiosis Investimentos, afirmou que à medida que os efeitos irreversíveis das mudanças climáticas se agravarem, monoculturas serão cada vez mais vulneráveis. Então, na opinião dele, existe uma vantagem em investir em floresta nativa.

We Mean Business

Coalizão de 335 empresas com receitas estimadas em US$ 6,4 trilhões, o We Mean Business reúne também 144 investidores internacionais responsáveis pela gestão de ativos estimados em quase US$ 20 trilhões. No Brasil, a iniciativa é representada pelo CEBDS.

Os principais temas de interesse do mundo dos negócios vêm sendo retratados pelo We Mean Business no boletim diário Bottom Line (http://cebds.org/cop21/we-mean-business/), que traz a perspectiva empresarial das negociações.

Para o We Mean Business, as negociações climáticas internacionais em Paris são um marco fundamental na construção do quadro político global para a transição para uma economia de baixo carbono.

Como a comunidade internacional se move em direção a um acordo global em Paris, há um crescente reconhecimento de que atribuir um preço sobre o carbono emitido é uma parte essencial de qualquer estratégia para combater a mudança climática.

Marina Grossi está disponível para entrevistas in loco, por e-mail ou Skype.Os jornalistas devem entrar em contato com a assessoria de imprensa do CEBDS, que será responsável pelo alinhamento e compatibilização de agendas. Para receber fotos do evento, encaminhe um e-mail para a assessoria.