Nenhum dos presos enviados à Espanha, contudo, pertence ao Grupo dos 75

A Igreja Católica de Cuba anunciou a libertação e transferência à Espanha de outros nove dissidentes políticos. Nenhum deles, porém, é integrante do Grupo dos 75, prisioneiros condenados em uma onda de repressão em 2003 que ficou conhecida como Primavera Negra.

Um comunicado do Arcebispado de Havana na noite de quinta-feira anunciou a libertação de René Amor González, Jorge Luis Adán González, Fidel Francisco Rangel Sánchez, Osvel Vale Hernández, Randol Roca Mursuli, Juan Luis Rodríguez Desdín, Douglas Faxas Rosabal, Carlos Luis Díaz Fernández e Armando Alcántara Clavijo.

Cinco deles aparecem nas listas de detidos por motivos políticos com penas de dois a 25 anos de prisão da entidade opositora Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional (CCDHRN). Entre as acusações estão pirataria, terrorismo, desacato à autoridade, posse ilegal de armas, saída ilegal da ilha, furto, evasão e desordens públicas.

Os libertos – Fidel Francisco Rangel Sánchez foi detido em 2003 e do grupo anunciado nesta quinta-feira é o que tem a maior pena, 25 anos por terrorismo. Carlos Luis Díaz Fernández, preso em 1992, cumpria uma condenação de 19 anos por tentativa de saída ilegal do país, evasão, desacato e desobediência.

Douglas Faxas Rosabal, detido em 2000, foi condenado a 20 anos de prisão por pirataria, porte ilegal de armas, infração de normas relativas ao serviço de guarda de combate e furto. René Amor González está preso desde 2005 e foi condenado a oito anos pelos delitos de desacato e destruição, enquanto Juan Luis Rodríguez Desdín foi preso em 2009 e sancionado a dois anos de prisão.

Nos casos de Joge Luis Adán, Osvel Vale, Randol Roca e Armando Alcántara ainda não há dados disponíveis sobre as razões de sua prisão e suas penas.

Histórico – Até este momento, chega a 94 o número de presos cubanos que aceitaram ir à Espanha para sair da detenção cubana. Destes, 40 são do Grupo dos 75, dissidentes considerados prisioneiros de consciência pela Anistia Internacional. Outros oito dissidentes do Grupo dos 75 foram libertados nos últimos meses, mas negaram o exílio e permanecem em Cuba. Quatro membros do grupo continuam detidos.

Após um inédito diálogo com a Igreja Católica, apoiado pelo governo da Espanha, o governo de Cuba se comprometeu, no ano passado, a libertar todos os detidos do Grupo dos 75 que permaneciam na prisão – 52 naquele momento. As autoridades cubanas estenderam a oferta de libertação a outro tipo de presos condenados por delitos contra a segurança do Estado, muitos deles não reconhecidos pela oposição interna como dissidentes ativos.

(Com agência EFE)


Fonte: VEJA