Ao criar o programa de biocombustível, o governo brasileiro não se voltou apenas à produção de energia, mas também ao seu viés social – o cultivo das fontes renováveis para produção de energia levaria à oportunidade de trabalho e renda. A parceria entre indústria produtora de biocombustíveis e a agricultura foi tema da fala do coordenador do Programa Brasileiro de Biodiesel, Carlos Cristo, na abertura da mesa redonda “Bionergia – Potenciais e desafios na Indústria”, durante o Fórum Global de Energias Renováveis, em Foz do Iguaçu.

Com a finalidade de reforçar a questão dos biocombustíveis, Cristo citou o caso da Brasil Ecodiesel, uma das maiores produtores de biodiesel do Brasil, que fechou um recente acordo de concessão de terras com o governo do Piauí. A empresa investiu em infra-estrutura, construindo casas para 700 famílias, escola para 1500 crianças, além de postos de saúde. Essas pessoas trabalham no cultivo da matéria-prima e terão garantida a titularidade da terra após dez anos de trabalho, quando termina o período de concessão das áreas para empresa.

Para Semilda Silveira, chefe da Divisão de Estudos Climáticos e Energia da Escola de Administração e Engenharia Industrial, da Suécia, o viés social deve prevalecer em toda a escala de produção da bioenergia. “Tradicionalmente as indústrias têm se preocupado apenas com os produtos finais e não com a parte inicial da produção”, afirmou. Silveira focou sua apresentação na questão do campo, e mostrou a situação da bioenergia na Suécia, que, de 1970 a 2005, apesar do aumento da qualidade de vida dos habitantes, foi mantido o mesmo gasto per capita de energia.

Na visão de Semilda, os países devem compartilhar tecnologia para melhorar a produtividade no campo. Na África Subsaariana, por exemplo, a produção é de um terço da média mundial, o que torna inviável tanto o cultivo de comida quanto o de matéria-prima para os biocombustíveis.

Revista Ecoturismo