A Estrada Real foi aberta pelos primeiros colonizadores no final do século XVII, e ligava a região de Vila Rica (Ouro Preto), passando por Conceição do Serro (Conceição do Mato Dentro) e Tejuco (Diamantina) a Paraty e ao Rio de Janeiro, a fim de enviar riquezas das Minas Gerais a Coroa Portuguesa.

No entanto, pouco se sabe sobre os povos indígenas que habitaram as terras de Conceição do Mato Dentro antes da chegada das primeiras bandeiras de exploração e colonização, registradas pelos sertanistas Gaspar Soares, Manoel Correa de Paiva e Gabriel Ponce de León, que seguiram itinerário “mato-a-dentro”, a presença e a luta contra os índios botocudos e suas “flechas ervadas”.

As terras onde os bandeirantes entrincheiraram contra os ataques indígenas possuíam as mais ricas lavras de ouro de toda a região. Nas areias do minúsculo Rio Cuiabá, Gabriel Ponce de León encontrou de uma só bateada cerca de 20 oitavas de ouro. Em pouco tempo o local estava repleto de cabanas. Por ordem de Gabriel Ponce de León, em  8 de dezembro de 1702, iniciou a construção de uma capela, dedicada a Nossa Senhora da Conceição.

Ecoturismo
O ecoturismo está presente em Conceição do Mato Dentro de maneira expressiva. O local tem um espetacular patrimônio natural com cachoeiras e cânions gigantescos que compõem maravilhosas paisagens no cenário da Serra do Intendente, onde está localizada a Cachoeira do Tabuleiro. A diversidade da vida e alto índice de endemismo presentes na região que desde junho de 2005, faz parte da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, abrindo novas perspectivas para a conservação da biodiversidade aliada ao desenvolvimento econômico e humano nas paisagens do Estado de Minas Gerais, abrange 53 municípios de Minas Gerais e Bahia, etapa inicial entre a Serra de Ouro Branco e o Parque das Sempre Vivas em Diamantina. A Reserva da Biosfera pretende tombar toda a Serra do Espinhaço (grande monumento natural, formados basicamente por quartzitos inclinados por força dos deslocamentos das placas tectônicas surgida há milhões de anos) corta de norte a sul os estados de Minas Gerais e Bahia desde a região de Ouro Preto até os limites do estado do Piauí.

Além disso, o Parque Municipal do Salão de Pedras é o paraíso dos amantes do bouldering, atividade de escalada em rochas mais baixas, sem uso de equipamentos, conta com inúmeras formações rochosas esculpidas pela ação do tempo mais de 300 boulders, divididos em 11 setores principais. E ainda, para fechar com chave de ouro, o local tem o melhor pôr-do-sol da região.

Distrito do Tabuleiro
O distrito do Tabuleiro pertence à Conceição do Mato Dentro e possui a maior Cachoeira de Minas Gerais – Cachoeira do Tabuleiro – com seus 273 metros de queda, sendo a 3ª maior do Brasil e da Estrada Real. Faz parte do Circuito Serra do Cipó, braço da Serra do Espinhaço e está localizado o Parque Estadual Serra do Intendente, onde estão localizadas as maiores Cachoeiras de Minas e espetaculares Cânions.

O nome Tabuleiro vem das mulheres da vila que iam para os povoados vizinhos equilibrando em sua cabeças os “tabuleiros” repletos de quitandas (bolos, doces, roscas, pães de queijo) que faziam para vender. Quando chegavam em Conceição, era comum as pessoas dizerem “la vêm as mulheres do Tabuleiro”. Diz a lenda que esta é a origem do nome do lugar; outra atribuição é a formação rochosa em forma de tabuleiro dos paredões de onde escorre a Cachoeira do Tabuleiro.

Por um capricho da natureza, no coração de Minas Gerais, com seu paredão de quartzito em tons alaranjados, vermelhos e outras cores, forma a Cachoeira do Coração, como é descrita pela população local a Cachoeira do Tabuleiro. Outra curiosidade deste capricho é o número 2 estampado no paredão da Cachoeira do Tabuleiro, fazendo com que cada turista faça uma reflexão do que poderia ter ocorrido.

Do distrito partem trilhas para trekking, mountain bike e cavalgada, sendo que sempre estas trilhas acabam em alguma cachoeira, poço para mergulhos refrescantes e sítio arqueológico com pinturas rupestres.

Uma boa dica para passeio é a travessia Lapinha/Tabuleiro, na serra do Cipó, em Minas Gerais (100 km de Belo Horizonte; 532 km do Rio de Janeiro; e 684 km de São Paulo). É um passeio de nível médio, com duração de três dias, que cruza a serra do Espinhaço de oeste para leste, numa região de transição do cerrado para mata atlântica e também das nascentes do rio São Francisco e rio Doce. O trekking passa por picos, piscinas naturais, campos rupestres, campos de altitudes, matas de galeria, belíssimas cachoeiras e dá uma visão geral de toda a região do Cipó. Nesta travessia, não existe uma trilha bem definida e sim caminhos que foram marcados pelo gado dos moradores da região. No inverno, pode ocorrer cerração, o que dificulta a navegação. A dica é procurar um guia da região para o passeio.

Atrativos naturais

Cachoeira do Tabuleiro ou Ribeirão
É a cachoeira mais alta do Estado de Minas Gerais, com 273 metros de queda livre, cercada por um imponente paredão rochoso com tons avermelhados. O volume de sua águas varia de acordo com as estações das chuvas, formando um grande poço de aproximadamente, 700 m² e 18 m de profundidade. Sua temperatura está sempre abaixo dos 20° C.

A vegetação circundante é composta por pequenas manchas de matas de galeria, cerrado e campos rupestres. Seguindo o curso do rio, tem-se um grande vale com diversos poços entre as pedras, propícios para banho. Já na parte alta da cachoeira há formação de pequenas quedas d’água e poços. É necessário tomar cuidado com mergulhos no grande poço, devido à presença de grandes blocos de pedras submersos. Há uma corrente de vento constante e a incidência de raios solares é baixa, fatores que contribuem de maneira significativa para um clima local ser mais frio. A Cachoeira do Tabuleiro está localizada no Parque Municipal do Ribeirão do Campo, e sua proteção é amparada também por uma lei orgânica municipal.
Localização: O acesso é feito por trilhas, saindo do povoado de Tabuleiro.

Cachoeira de Congonhas ou Zé Curnicha
Está localizado em um afluente do Rio Preto, próximo à entrada do cânion ou boqueirão do Rio Preto. É formada entre grandes paredões rochosos, de aproximadamente 90 m de altura, com uma queda principal de pequeno volume d’água que se divide e cai sobre rochas, provocando o efeito de Véu da Noiva. O poço tem, aproximadamente, 86m² e sua profundidade é pequena (1,5m no máximo). Suas águas são frias e transparentes.
Em frente ao poço existem grandes lajes e a vegetação do entorno é de mata ciliar e de galeria, apresentando ainda cerrado e campos rupestres, bromélias gigantes e alôevera (babosa nativa) estão presentes no paredão.
Localização: Povoado do Tabuleiro.

Poço Pari
O poço é formado pelo encontro de dois cursos d’água (Rio Preto e Córrego Grande) e possui uma área de aproximadamente 200m². Sua profundidade é superior a 3 m. É circundado por formações rochosas, mata ciliar e de galeria, além de uma pequena praia de cascalho branco. Há pequenas quedas e corredeiras no curso d’água que formam “panelões”. Sua água tem tonalidade caramelo e a temperatura é agradável, propícia para banhos.
Localização: Povoado do Tabuleiro

Poço do Val ou Poço do Rio Preto
O poço é formado no curso do Rio Preto e possui aproximadamente 800m². É ladeado por grandes blocos de pedras e mata ciliar com árvores de médio porte. Sua água tem tonalidade marrom escura e temperatura fria. É propício para banho, mas o poço exige cuidados do visitante devido a presença de blocos de pedras submersos. A vegetação circundante é constituída por matas ciliares, de galeria e gramíneas (pastagem). Existem peixes como piau, lambari, pirapetinga, manoi, traíra entre outros.
Localização: Povoado do Tabuleiro a 5 min da pousada

Lapas dos Índios
Sítio arqueológico com pinturas rupestres (cerca de mais de 7 mil anos) e gruta.
Localização: Povoado do Tabuleiro

Cachoeira Rabo de Cavalo
A cachoeira está localizada na APA Peixe Tolo, em um imponente paredão de 120m de altura e sua queda, formada por dois cursos d’água, se divide em duas paralelas com aproximadamente 40m cada uma (que se unem logo depois, formando uma única queda de, aproximadamente 80m de altura). Forma um grande poço de aproximadamente 1.750m² e sua profundidade é superior à 6m. Na parte de cima há formações de pequenas quedas d’água, Poço Teodoro e Cachoeira do Altar. Sua água possui tonalidade caramelo, é inodora e a temperatura é fria.

A vegetação do entorno é consumida por matas ciliares, de galeria e campos rupestres.
Localização: Povoado do Itacolomi.

Cachoeira do Cubas
Circundado por formações rochosas e matas ciliares, a Cachoeira do Cubas possui uma queda de aproximadamente 50m de altura, sendo que 10m são em cascata e o restante em que livre.  Seu poço é pequeno e raso, ideal para banhos e duchas. Sua vegetação circundante é constituída por mata ciliar e de galeria, apresentando grande quantidade de palmeiras nativas.
Localização: Área particular no povoado de Cubas

Cachoeira Três Barras
Sua queda tem aproximadamente 13m de altura e é formada em um paredão de aproximadamente 40m de largura. A Cachoeira de Três Barras possui grande volume d’água durante todo o ano, aumentando nos períodos de chuva. O poço formado pela queda tem aproximadamente 1.200m² e sua profundidade é superior a 3m. A água tem temperatura agradável, é inodora e tonalidade caramelo.
A vegetação do entorno é constituída de mata ciliares com árvores de porte médio, destacando-se entre elas as samambaias e bromélias. Seguindo o curso do rio, há pequenas corredeiras e poços propícios para banhos e duchas. Foram encontradas pinturas rupestres nas rochas do entorno.
Localização: Povoado Três Barras.

Cachoeira do Mutambo
A cachoeira possui uma única queda de aproximadamente 30m de altura. Tem um volume d’água pequeno e não forma nenhum poço, pois deságua em cima de rochas. Sua água é bastante fria, transparente e inodora, ideal para banhos de ducha. Sua vegetação circundante é formada por uma mata bastante densa, apresentando árvores de porte médio.
Localização:  Seguir antiga estrada de Dom Joaquim, conhecida como “estrada da torre”, sempre a esquerda até chegar à trilha, também a esquerda que leva até a base da cachoeira.

Poço Azul
É um pequeno poço, todo ladeado por rochas, formado por um filete d’água que nasce nas proximidades do Salão de Pedras. Tem aproximadamente 42m² de área e profundidade máxima de 1,8m. A água impressiona por sua tonalidade azul e por sua transparência. A vegetação do entorno é formada por campos rupestres. Seguindo-se o riacho, encontram-se pequenas quedas e poços propícios para banho e duchas durante o ano todo.
Localização: Saindo da Praça da Bandeirinha, prosseguir pela rua à esquerda até o final desta e sair da cidade. Seguir trilha a margem do rio.

Poço Piraquara
Formado pelo Rio Piraquara, possui aproximadamente 600m² de área por 3m de profundidade. A água possui temperatura agradável, tonalidade cinza escura e é bastante corrente. Seu entorno é constituído por área gramada, de relevo irregular e, por mata ciliar rala. Acima do curso do rio encontram-se outras piscinas naturais, cercadas por mata ciliar mais densa. A área está protegida pela Lei Orgânica Municipal.
Localização: Área particular na região de Piraquara.

Córrego do Baú
Este córrego forma um complexo de atrativos composto por alguns “panelões” formados nas rochas e por duas quedas d’água (baú e Baú de Baixo). O volume d’água é pequeno, de boa aparência e temperatura agradável. A Cachoeira do Baú tem aproximadamente 4m de altura, mas não forma poço, já que a água cai diretamente nas rochas. A área é contornada por blocos de pedra e mata ciliar bastante rala. O local é propício para duchas. A Cachoeira do Baú de Baixo tem aproximadamente 20m de altura, apresentando uma única queda que também não forma poço, pois a água cai em cima de blocos de pedras.

Sua vegetação circundante é constituída de cerrado e mata ciliar. A parte de cima propicia uma vista panorâmica do encontro do Córrego do Baú com Rio Santo Antônio, além de uma extensa mata com árvores de médio porte. Os “panelões” possuem extensões e profundidades variadas, que permitem ser utilizados para banhos. A vegetação predominante em todo o córrego é de mata ciliar e campo de cerrado, que se apresentam bastantes ralos devido ao desmatamento irregular.
A área é protegida pela Lei Orgânica Municipal e pertence a vários proprietários particulares.
Localização: Sítio do João Lolô

Salão de Pedras
Parque Municipal criado em dezembro de 1999, tem uma área de 857 hectares. Formada por vegetação de Campos de Altitude, com afloramentos rochosos, devido as ações da chuva e do vento ao longo dos anos, formaram esculturas interessantes.
Dá para ver o melhor pôr-do-sol e os astros à noite. Atualmente é muito freqüentada por escaladores, devido a mais de 300 boulders de até 10 metros, divididos em 11 setores.
Os lances vão dos fáceis até os mais técnicos e complexos, pois a rocha (quartzito) é abrasiva, não chega a machucar muito a mão, oferecendo estabilidade para que sejam feitos movimentos extremos em
micro-agarras, pois há agarras em praticamente todos os negativos.  É importante obter autorização com o Secretário de Turismo, pois não é permitido acampar na área do parque, estando o entorno dentro de uma fazenda que extrai as pedras para construção civil.
Acesso: saindo pelo Bairro Bandeirinhas são 3 km.
Localização: Conceição do Mato Dentro.

Canyon do Peixe Tolo
Está na APA Serra do Intendente – Zona de Preservação Silvestre, na região do Rio Parauninha. Encontra-se a segunda maior cachoeira da região com aproximadamente 200 metros de queda livre.
Acesso: saindo do Tabuleiro são 25 km de carro e mais de 2:30 de caminhada.
Localização: Povoado do Parauninha.

Mina da Ferrugem
Conhecida como Mirante da Torre ou Mina da Torre, é um mirante natural, com vista panorâmica da cidade de Conceição, paredão do Cachoeira do Tabuleiro, Serra do Intendente, APA Peixe Tolo, Parque Ribeirão do Campo e Salão de Pedras.
Acesso: saindo do Bairro Matozinhos são 9 km seguindo a estrada da Torre.
Localização: Conceição do Mato Dentro

Para maiores informações do local, guia e apoio, acesse o site www.pousadadagameleira.com.br ou envie um e-mail para reserva@pousadadagameleira.com.br. O contato também pode ser feito por telefone, com Samuel (011-8514-7447 e  011- 3729-0774) ou Sérgio (031-9648-2333 e 031 -9708-2002)

Revista Ecoturismo