As informações trazidas pelo Eng. Paulo Campos foram apresentadas sem vinculação com a ordem cronológica com que foram registradas durante os Estudos Ambientais. Conforme ele fez questão de observar no início de sua exposição, algumas dessas informações foram obtidas em 2002, 2003, e outras, muito mais recentemente.

O primeiro desafio ambiental do empreendimento foi o fato de se localizar em bioma amazônico. Isso impôs a necessidade de conciliação da capacidade de geração com o menor dano possível à vegetação e à fauna. Ou seja, redução da área de inundação e compensação ambiental. Quer dizer, quanto menor a área inundada, menor a quantidade de vegetação a ser afetada, menor quantidade de animais afetados, menor quantidade de gente a ser afetada, removida e reassentada. Esse desafio foi vencido com a redução da área de inundação e compensação ambiental.

Por sua localização em fronteira do conhecimento acadêmico, o estudo teria que garantir a disponibilidade de informações necessária que trouxessem conclusões e soluções de mitigação dos impactos levantados. Daí a necessidade da participação de instituições de pesquisa.

Pelas características das águas do rio Madeira, tivemos que garantir a menor retenção possível de sedimentos. Como se sabe, o rio Madeira é um rio riquíssimo de sedimentos, é um rio que alimenta de sedimentos o próprio rio Amazonas, e que tem, para o Amazonas, uma importância fundamental nessa questão. As soluções dependeram de arranjos compatíveis com os fluxos naturais.

Pela importância do deslocamento da fauna aquática do rio Madeira, tivemos que apresentar soluções adequadas de transposição, para permitir que essa mobilidade se perpetuasse. Daí a Implantação de dois STPs.

Pelas características da ocupação humana regional, tivemos que ofertar soluções de menor deslocamento possível e respeito às atividades tradicionais. Daí a redução de área de inundação e elaboração e planejamento adequado das margens do reservatório.

Tivemos também que trabalhar com a reversão das expectativas negativas associadas a empreendimentos hidrelétricos já implantados na região amazônica.  Todos nós, que trabalhamos no setor elétrico há muitos anos, conhecemos problemas criados por algumas usinas instaladas na região em outros tempos. Essas usinas serviram para nos ensinar muita coisa. Foram experiências muito dolorosas para a sociedade e, sobretudo negativas para o meio ambiente amazônico. Mas o registro dessas experiências impediu que novos empreendimentos fossem construídos, sem que oferecessem para a sociedade e para o meio ambiente, garantias reais de sustentabilidade. Um intenso processo de comunicação social, envolvendo Instituições de governo, grupos de interesse, comunidades ribeirinhas e a sociedade civil organizada, para reverter essas expectativas negativas.

Pela relativa proximidade com Terras Indígenas, tivemos que oferecer garantia da integridade cultural dos povos indígenas. Os empreendimentos não afetam terras indígenas diretamente Programas de apoio às TIs.

Revista Ecoturismo