A safra canavieira se aproxima do final na região centro-sul com moagem estimada de 490 milhões de toneladas -quebra de 12% ante o ano anterior. O crescimento de 7,6% no Norte-Nordeste deve levar à redução de 10% em nível nacional.

A performance se deve principalmente ao envelhecimento dos canaviais causada por renovação inferior ao normal desde 2008, a fenômenos naturais fora do usual desde 2009 e a perdas com a mecanização da colheita para o cumprimento de compromissos ambientais.

Enquanto as perspectivas de produção no Brasil indicam que 2012/13 deve ainda ser uma safra de transição, com moagem não muito distante da verificada neste ano, no resto do mundo há sinais claros de recuperação no curto prazo.

A produção da Tailândia deve continuar crescendo, apesar das recentes inundações. Apenas 200 mil toneladas de cana foram afetadas, e a safra que agora começa aponta moagem de mais de 100 milhões de toneladas, antes 95,4 milhões registrados na safra passada.

A produção da Índia deve crescer de 24,2 milhões para 26,3 milhões de toneladas.

A Rússia, até recentemente o maior importador de açúcar do Brasil, aumentou em 52,9% nos últimos dois anos a área cultivada com beterraba, devendo reduzir as importações no próximo ciclo.

A Ucrânia se apresenta como outro importante foco de aumento de produção, reduzindo a pressão por importações de todo o Leste Europeu.

O Brasil continua detendo 53% das exportações mundiais de açúcar, mas por aqui o cenário ainda é de preparação para um novo ciclo de expansão a partir de 2013.

No curto prazo, isso significa a manutenção de certa pressão de demanda, o que faz com que o equilíbrio de mercado se dê via preços do açúcar e do etanol.

Caso a recuperação na produção mundial se confirme, é possível que o etanol seja opção mais vantajosa do que o açúcar para o produtor brasileiro, passando a representar um dos fundamentos de sustentação de preço do mercado mundial em 2012.

Nesse contexto, a frota flex que está sendo construída no Brasil é o maior patrimônio recentemente conquistado pelo programa de produção integrada de etanol e açúcar.

Até 2020, a frota flex deve representar mais de 80% da frota total, consolidando-se como o grande elemento de equilíbrio para os mercados de etanol e de açúcar.

Para que isso seja possível, é importante manter a competitividade do etanol em relação à gasolina. Nesse período de transição, será importante manter a confiança dos proprietários de veículos flex à realidade de que a opção pelo bioetanol de cana é o que há de mais moderno em termos de política de desenvolvimento econômico descentralizado, com responsabilidade ambiental e social.

PLINIO NASTARI é mestre e doutor em economia agrícola e presidente da Datagro Consultoria.

fonte: folha de sp