Após ratificação em tempo recorde, países devem internalizar metas e aumentar ambição
O acordo climático global acordado em Paris no ano passado acaba de alcançar os requisitos mínimos para entrar em vigor. Com a ratificação da União Europeia, que deve ser depositada nos próximos dias na sede da ONU, o Acordo de Paris, que conta com a ratificação de mais de 60 partes, atingirá a representatividade mínima de 55% de emissões globais.
A entrada em vigor acontecerá 30 dias a partir do depósito do instrumento europeu. Ou seja, poucos dias antes da próxima reunião global de clima, a COP22, de Marrakesh (Marrocos), que começa no dia 7 de novembro.
Para o WWF – maior rede independente de conservação da natureza, o processo em tempo recorde reforça a ideia de que um futuro de baixo carbono é possível, mostrando que o mundo está consciente que precisa tomar ações imediatas se quiser um futuro de segurança climática. Vale lembrar que o Protocolo de Kyoto demorou anos para ser ratificado e a Emenda de Doha até hoje não está valendo.
“Há menos de um ano, 195 países assinaram um acordo histórico, cuja previsão era a entrada em vigor até 2018 e hoje ele já está me vigor. Isso é algo incrível e mostra que estamos no caminho certo. Agora, vamos para próximo e ainda maior desafio, que é a implementação do Acordo, com interiorização nos planos de governo e aumento da ambição nas metas”, comenta o Coordenador do Programa de Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil, André Nahur.
Apesar do momento ser festivo, diferentes análises mostram que somente as metas definidas no Acordo não são suficientes para manter o aumento do aquecimento global a um nível de 1,5º C até 2100. Assim, é necessário que as demais partes signatárias (como a maioria dos países europeus) ratifiquem o Acordo e então revisem suas metas o mais rápido possível, o que traria inúmeras vantagens.
No caso do Brasil, o investimento em fontes alternativas de energia elimina a dependência de termelétricas e gera, além da queda nas emissões, economia da conta dos consumidores, diminuição de problemas ambientais e geração de empregos. A implantação de uma agricultura de baixo carbono aumenta a produtividade por hectare, enquanto a eliminação do desmatamento protege a biodiversidade e fortalece os sistemas hídricos que abastecem todo o país.
“Com a ratificação, começa a corrida pela diminuição das emissões. O Brasil tem a chance de sair na frente e ultrapassar em muito sua meta com a geração de energia elétrica 100% renovável, desmatamento e a implantação efetiva do plano ABC. Com isso, pode gerar benefícios para o meio ambiente, ao mesmo tempo em que alavanca a própria economia”, finaliza Nahur.