Festa de encerramento teve shows musicais e exaltação à paz e à diversidade. Com os megaeventos esportivos, país ganhou a maior visibilidade internacional de sua história nos últimos anos
O sucesso da realização dos Jogos Rio 2016 será reconhecida pelo Comitê Paralímpico Internacional com a maior honraria da entidade. O presidente do IPC, o inglês Philip Craven, pronunciou, no meio da Cerimônia de Encerramento das Paralimpíadas: “Decidimos entregar à população do Rio e do Brasil a Ordem Paralímpica, a mais alta honra que um indivíduo ou grupo de pessoas pode receber”, para delírio dos 45 mil espectadores presentes no Maracanã, neste domingo (18.09).
Exaltando a convivência em paz da diversidade, marca do movimento paralímpico, a Cerimônia de Encerramento fechou um ciclo de megaeventos sediados no Brasil, que recebeu a Copa das Confederações 2013, a Copa do Mundo 2014 e as Olimpíadas antes de sediar as Paralimpíadas. Um país multiétnico, que ganhou a maior visibilidade internacional de sua história nos últimos anos e não se furtou a mostrar suas virtudes e defeitos. No mesmo palco que fechou as demais competições, a música brasileira foi o símbolo escolhido para representar a multiculturalidade do país.
“Missão cumprida! Realizamos os Jogos Olímpicos e Paralímpicos espetaculares. Esse Brasil que amamos tanto mostrou ao mundo do que é capaz. Toda essa celebração nasceu do sonho de fazer do Rio uma cidade olímpica. Para muitos era impossível, para o Rio e o Brasil, não”, discursou Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Rio 2016.
“Seu apoio expressivo foi ainda mais lindo do que essa Cidade Maravilhosa. A cada dia vocês faziam um carnaval incrível e foram premiados com desempenhos impressionantes dos atletas. Nessa cidade de cartões-postais, a memória que levarei com mais carinho é a de vocês, cariocas fantásticos. Vocês inspiravam os atletas a alcançar o que parecia impossível”
Philip Craven, presidente do Comitê Paralímpico Internacional (IPC)

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Última cantora a se apresentar no Maracanã, a baiana Ivete Sangalo levou o público ao delírio nos momentos finais da festa do encerramento dos Jogos Paralímpicos Rio 2016. Foto: Mirian Jeske/brasil2016.gov.br

A cerimônia começou com o grupo Batuqueiros do Silêncio, composto por percussionistas com deficiência auditiva. No mesmo ritmo, uniram-se os batuqueiros comandados pelo Mestre Batman, que criou um metrônomo visual utilizando luzes para reger os instrumentistas, e dez percussionistas comandados pelo Mestre Marçal.
A cantora paraense Gaby Amarantos liderou a contagem regressiva para o início da festa. Nos telões, um vídeo inspirado nos desenhos de Burle Marx. Uma queima de fotos marcou o início oficial da cerimônia. Em seguida, o guitarrista Armandinho puxou um frevo que animou as arquibancadas. Logo depois, o também guitarrista Andreas Kisser, da banda de rock Sepultura, entrou no palco. Unindo-se a eles, o jovem Jonathan Bastos, que nasceu sem os braços e toca guitarra com os pés. O ritmo, batizado de “frevmetal”, era tocado enquanto um grupo com 16 cadeirantes acrobatas se apresentavam o no palco.
A cerimônia também coroou a melhor participação brasileira em uma Paralimpíada, considerando o total de medalhas, o número de atletas, finais disputadas e de diferentes modalidades no pódio. Em Londres 2012, o país ficou em sétimo e obteve 21 ouros. Agora foram 14 medalhas douradas e o oitavo posto. Mas somadas às 29 pratas e aos 29 bronzes, o Brasil chegou ao recorde de 72 pódios em uma edição de Jogos Paralímpicos.
Uma das medalhas douradas aumentou ainda mais a hegemonia da Seleção Brasileira de futebol de 5, única campeã paralímpica da história da modalidade, que entrou no programa dos Jogos em Atenas 2004. Como reconhecimento dessa supremacia, o craque e camisa 10 do Brasil, Ricardinho, foi o escolhido para ser o porta-bandeira no desfile com as flâmulas de todas as nações participantes.
A banda pernambucana Nação Zumbi entrou no palco representando a fauna e a flora brasileiras, com figurino que remetia às florestas tropicais. Eles interpretaram três músicas: “Maracatu Atômico”, “Quando a Maré Encher” e “Praieira”. Em seguida foi a vez da mato-grossense Vanessa da Mata cantar fazer um show que destacou o mar, com motivos como peixes, sereias e conchas. As canções apresentadas por Vanessa foram “Conto de Areia”, “Por Onde Ando Tenho Você” e “Ai Ai Ai”.
Para encerrar a primeira sequência musical da noite, a cantora Céu, representando o pulsar dos corações, subiu ao palco. Usando um vestido estruturado por vários corações ela também interpretou três músicas: “Baião de Penha”, “Varanda Suspensa” e “Os Grilos”.
“Missão cumprida! Realizamos os Jogos Olímpicos e Paralímpicos espetaculares. Esse Brasil que amamos tanto mostrou ao mundo do que é capaz. Toda essa celebração nasceu do sonho de fazer do Rio uma cidade olímpica. Para muitos era impossível, para o Rio e o Brasil, não”
Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Rio 2016

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O desfile dos atletas, as luzes e a chama paraolímpica que se apagou: Jogos Rio 2016 deixarão saudades. Fotos: brasil2016.gov.br

Homenagens
Depois, para honrar o triunfo do espírito humano, foi apresentado o prêmio Whang Youn Dai, tradicionalmente entregue desde Seul 1988. A sul-coreana Youn Dai foi a primeira homenageada. Ela foi diagnosticada com uma paralisia infantil aos três anos, tornou-se médica e dedica sua vida a ajudar pessoas com deficiência. O presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Andrew Parsons, apresentou os homenageados no Rio: Ibrahim Al Hussein, atleta iraniano da natação, e a norte-americana Tatyana McFadden, do atletismo.
Flores foram entregues aos representantes dos voluntários que ajudaram na organização dos Jogos Rio 2016. Em seguida, a música “One Love”, de Bob Marley, tocou no estádio enquanto imagens de pessoas de várias etnias apareciam no telão. Um vídeo com os melhores momentos dos Jogos foi bastante aplaudido. Mestrinho, tocando sanfona, Pedro Martins, na guitarra, e Daniel Santiago, no violão, interpretaram o Hino Paralímpico.
A bandeira paralímpica foi entregue para o presidente do IPC, Phillip Craven, pelas mãos do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. Craven, por sua vez, a repassou à governadora de Tóquio. O hino do Japão foi interpretado, seguido de vídeos sobre a cidade japonesa, sede dos próximos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, em 2020. O dançarino amputado Koichi Omae, a modelo Gimico e artista deficiente visual Akira Hiyama participaram das apresentações japonesas.
A tragédia que envolveu o ciclista iraniano Bahman Golbarnezhad, que faleceu enquanto competia neste sábado (17.09), não foi esquecida. Em seus discursos, Philip Craven e Carlos Arthur Nuzman homenagearam o atleta e o presidente do IPC pediu um minuto de silêncio ao público em respeito à memória do ciclista e ao sofrimento de sua família e amigos.
O esforço do atletas, que bateram mais de 200 recordes mundiais, foi lembrado por Craven. Além das marcas, a forma como os brasileiros torceram nas arquibancadas e lotaram as arenas (2,1 milhões dos 2,5 milhões de ingressos disponíveis foram vendidos, marca menor somente do que a de Londres 2012) tornou mais especial os Jogos. “Seu apoio expressivo foi ainda mais lindo do que essa Cidade Maravilhosa. A cada dia vocês faziam um carnaval incrível e foram premiados com desempenhos impressionantes dos atletas. Nessa cidade de cartões-postais, a memória que levarei com mais carinho é a de vocês, cariocas fantásticos. Vocês inspiravam os atletas a alcançar o que parecia impossível”, disse Philip Craven.
Até Tóquio
O show de axé de Saulo, da Banda Eva, seguido pelo funk de Negro do Borel, do “Dream Team do Passinho” e de Gaby Amarantos embalaram a sequência da Cerimônia. No fim, a cantora baiana Ivete Sangalo entoou a música: “Tempos de Alegria”, cantada durante diversas disputas nos Jogos Rio 2016 e  que ficou ecoando pelo Maracanã como se quisesse que este momento nunca terminasse.

Fonte: Gabriel Fialho e Mateus Baeta – brasil2016.gov.br