Se os índices de eficiência de empreendimentos de energia eólica dos últimos leilões repetirem os do Proinfa (programa de fontes alternativas do governo, criado em 2003), empresários do setor estimam que haverá prejuízo.
Por ora, a expectativa média de fator de capacidade (relação entre geração e capacidade instalada) de participantes de leilões é de 44%. A média prevista em parques eólicos contratados à época do Proinfa era de 37%, segundo dados da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica).
Acabou ficando em 30%, patamar semelhante ao de outros países, entre 28% e 34%. Nos últimos leilões, o preço foi a R$ 105 o MWh, bem inferior ao do Proinfa.
“Se houver queda de 44% para 30%, como ocorreu no Proinfa, a perda de receita vai ser de 32%. E ainda tem de entregar a diferença da energia que não for gerada”, diz um empresário do segmento.
No Proinfa, que teve tarifa incentivada equivalente a cerca de R$ 300 de hoje, a energia não entregue em um ano podia ter o valor econômico abatido da receita do ano seguinte. Nos leilões, não, e ainda se tem de compensar a energia não gerada em até quatro anos.
“O risco é exponencial e muitos não fizeram conta direito”, diz outro empresário.
Mauricio Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisas Energéticas, estatal de planejamento, afirma que “eólica é fonte sazonal. Há ano com mais ou menos vento”. No início do projeto, há a curva de aprendizado, lembra ele. “Hoje há novas tecnologias, adaptadas ao vento brasileiro”, diz. “Se num ano teve pouco vento, vai pagar menos, mas no ano seguinte pode ventar mais.”
A argentina IMPSA projetara média de 36% na eólica Praia do Morgado (CE), mas atingiu apenas 29%.
“Essa queda está na margem de erro”, diz o vice-presidente José Luis Menghini. O índice de eficiência pode variar 10%, segundo a presidente da Abeeólica (associação do setor) Elbia Melo.
Para Melo, o preço no último leilão foi possível graças ao ganho de produtividade com novas tecnologias.
O valor está em patamar semelhante ao do último leilão do Uruguai, de acordo com o executivo da IMPSA

Fonte: Folha de S.Paulo