Atualmente, 86% da matriz energética mundial são de combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás natural. No caso do Brasil, que tem uma participação hidrelétrica e de biomassa importante, 55% da energia do país é suja.

De acordo com o economista, o grande problema é que o Brasil contribui para o aquecimento global principalmente por meio do desmatamento. As ações que podem ser adotadas pelos países para reduzir as emissões de gás carbônico na área energética serão debatidas durante a International Conference, que será realizada no Rio de Janeiro, de 6 a 9 de junho. O Brasil sediará o evento organizado pela Associação Internacional de Economia da Energia (IAEE, na sigla em inglês) pela primeira vez.

Coordenador do programa da conferência, Helder Queiroz salientou que a maioria dos países já iniciou um processo de revisão das políticas energéticas. Ele ressaltou, porém, que “não basta revisar os objetivos de política, é preciso revisar também os instrumentos”. O especialista citou os mecanismos de regulamentação entre os instrumentos que serão abordados durante o evento por especialistas nacionais e estrangeiros.

Binômio
O desenvolvimento sustentável reforça também a importância cada vez maior do binômio tecnologia e energia, destacou o economista da UFRJ. “Quando a gente fala, por exemplo, em reduzir a demanda de energia no setor de transporte, está falando da evolução do automóvel que, provavelmente, daqui para frente, vai comportar os motores elétricos, híbridos. Então, você está tendo uma evolução em termos de inovação tecnológica muito forte, no caso, de equipamentos. Isso vale para outros setores.”

Queiroz avaliou que a dimensão tecnológica dessa fase de transição da matriz energética é “muito importante daqui para frente”. O assunto será debatido na primeira plenária da conferência anual, organizada pela Associação Internacional de Economia da Energia.

Dentro do cenário de desenvolvimento sustentável na área energética, o economista afirmou que a energia nuclear terá um papel complementar no Brasil nos próximos anos.

Já nos países que utilizam mais fontes energéticas, como carvão e óleo combustível, o uso da energia nuclear pode ser acelerado, porque a geração nuclear não tem o mesmo impacto em termos de emissão de gás carbônico. “A energia nuclear acaba sendo vista como um vetor de transformação da matriz elétrica, permitindo uma redução das emissões de CO2”. As novas tecnologias nucleares serão tema de palestra durante a conferência.

No caso brasileiro, Queiroz ressaltou que o uso da energia nuclear, com a construção de novas usinas no país, visa a diversificar a matriz energética e garantir a segurança do abastecimento elétrico. Ele não vê, contudo, uma aceleração do programa nuclear no Brasil. “Mas a gente vislumbra essa possibilidade de complementaridade da oferta de eletricidade”, concluiu.

Participantes
Entre os palestrantes internacionais que já confirmaram presença no evento estão o diretor do Departamento de Energia dos Estados Unidos, Richard Newell, o economista da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), Ferenc Toth, e o governador da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) para a Arábia Saudita , Majid Moneef.

Também participam da conferência o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme Estrella, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, e especialistas de universidades e instituições científicas.

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