A partir de 29/09, a mostra “A Casa e a Cidade – Coleção Crespi-Prado” conta o passado natural do Rio Pinheiros e seus arredores

São Paulo – Antes de virar museu, em 1970, a construção do MCB – Museu da Casa Brasileira era residência da família paulistana Crespi-Prado, e antes da década de 1940, era um terreno baldio, ocupado pela mata residual do Rio Pinheiros. Algumas árvores dessa época sobreviveram à acelerada urbanização de São Paulo e vivem até hoje nos arredores do museu; elas são testemunhas da época em que o rio abrigava vida e em que era possível se banhar nas águas sem temer infecções.

Durante quatro anos, o ambientalista Ricardo Cardim pesquisou com profundidade esse território paulistano e sua biodiversidade para montar seu próximo livro ainda não lançado, o Almanaque do Verde Paulistano. Parte do material de sua pesquisa – imagens de 1933 que retratam o Rio Pinheiros com vegetação florestal na margem e outras fotografias inéditas – foi incorporado à mostra “A Casa e a Cidade – Coleção Crespi-Prado”, aberta ao público a partir de 29/09 no MCB e sem data para acabar.

A exposição marca o retorno do acervo da Fundação Crespi-Prado ao espaço, antigo solar que pertenceu ao ex-prefeito Fábio Prado e sua esposa Renata Crespi Prado, e possibilita novas leituras a respeito da coleção. Além da contribuição de Cardim, a mostra conta com textos dos professores Carlos Lemos e Maria Ruth Amaral, da FAU-USP – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.

O Solar Fábio Prado estava inserido em um jardim de aproximadamente 15 mil m² de área. No entanto, com as desapropriações e alterações urbanísticas da região da Av. Brigadeiro Faria Lima, que é, hoje, um dos mais importantes centros comerciais e financeiros da cidade, a área verde foi reduzida a menos da metade de seu tamanho original. “Na época, o mato era pejorativo; no processo de urbanização, valorizava-se a criação de ambientes artificiais”, diz Cardim. E completa: “Além disso, a cultura ditava que tudo o que vinha de fora do país era mais valioso do que o que tínhamos aqui. Por isso, a maior parte das árvores do museu hoje é de origem estrangeira”.

Não é a primeira vez que o biólogo realiza pesquisas para o MCB. No ano passado, deu consultoria para a restauração das árvores do museu, identificando cada um dos 500 exemplares e plantando 20 plantas nativas da mata-atlântica, como palmito-juçara, araucárias e copaíba. “A ideia foi fazer o plantio de árvores de acordo com a história da região”, conta o ambientalista.

Fonte: Marina Maciel, do Planeta Sustentável