Empresa manda carta a Dilma puxando de novembro para julho início da montagem local do tablet e do iPhone

Novo cronograma inclui exigências como rápida emissão de passaportes e equiparação de tablet a notebook pela Receita

VERA MAGALHÃES
DE SÃO PAULO

O dono e presidente da Foxconn, Terry Gou, mandou uma carta para a presidente Dilma Rousseff em que a empresa se dispõe a antecipar de novembro para julho o início da montagem do iPad e do iPhone no Brasil.
A produção brasileira do tablet e do smartphone da Apple faz parte da estratégia de ampliação da presença da gigante taiwanesa no Brasil. A Foxconn anunciou, ainda, um investimento de US$ 12 bilhões em cinco anos em uma nova planta no país.
Na extensa carta que mandou a Dilma, o bilionário taiwanês apresenta uma série de novas exigências para antecipar a linha de produção dos aparelhos da Apple.
A empresa tem pressa em enviar 200 engenheiros e técnicos em eletrônica brasileiros para serem treinados na China. Para isso, quer que o governo garanta emissão imediata de passaportes.
O empresário reforçou ainda a pressão para que a Receita Federal defina -agora nesse prazo exíguo de dois meses- o enquadramento tributário do tablet.
O órgão hesita em classificar esses aparelhos como notebooks, pela inexistência de teclado físico. Essa equiparação levaria a uma redução de 9,25% de PIS e Cofins -daí a pressão da Foxconn.
Conforme a Folha informou no domingo, o plano de investimento apresentado pela empresa tem uma série de outras condicionantes.
A decisão de antecipar a montagem do iPad e do iPhone se deve, segundo a empresa, a razões mercadológicas.
A Apple já enviou ao país os primeiros lotes de componentes para montagem local do tablet, vindos da Ásia. A produção será nas plantas que a Foxconn tem em Jundiaí e Indaiatuba (SP).
Diante do novo cronograma, Dilma pediu aos ministros Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento) que marquem uma reunião com executivos da Foxconn, que deve ocorrer nas próximas semanas.
“É um cronograma ousado. O que estiver a nosso alcance nós vamos nos empenhar em viabilizar”, disse Mercadante ontem à Folha.
No início, a Foxconn vai apenas montar os equipamentos no Brasil. A ideia, no entanto, é passar a produzir todos os componentes dos eletrônicos -chassi e tela de LCD- na nova unidade.
Em São Paulo, o governo do Estado já concedeu benefícios fiscais para fabricantes de eletrônicos, como isenção de IPI, redução de ICMS de 18% para 7% e incentivos para a compra de máquinas.
O governo paulista está na disputa também para abrigar a nova planta, para a qual a Foxconn fez exigências de logística e infraestrutura.

Fonte: Folha de S. Paulo