Redução da tributação visa impedir que uma possível elevação dos preços do produto na refinaria chegue ao varejo com impacto na inflação

Para Guido Mantega, preços da gasolina podem cair com a entrada da safra de cana-de-açúcar (Christian Castanho)

Para Guido Mantega, preços da gasolina podem cair com a entrada da safra de cana-de-açúcar (Christian Castanho)

O governo deve reduzir a tributação sobre os combustíveis para impedir que uma eventual elevação dos preços nas refinarias chegue ao varejo, afirmou nesta segunda-feira o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

O Planalto poderá reduzir, segundo ele, a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina e o diesel para compensar uma eventual decisão da Petrobras de promover os reajustes.

“Em algum momento a Petrobras poderá ter de elevar os preços, mas iremos neutralizar isso com a queda da Cide”, disse Mantega a jornalistas após participar de um evento com analistas e investidores em Nova York.

A estratégia já foi usada anteriormente pelo governo federal e nos últimos dias circularam comentários na mídia de que possivelmente voltaria a ser utilizada, já que a equipe econômica busca aliviar pressões inflacionárias e um aumento dos combustíveis no varejo seria bastante indesejável.

Mantega, no entanto, acredita que ainda não chegou o momento de a estatal mexer nos valores na refinaria. “Não é necessária uma alta imediata dos preços da gasolina”, afirmou.

O ministro acrescentou que os valores do combustível para os consumidores poderão cair um pouco nas bombas com o avanço da colheita de cana-de-açúcar. Como a gasolina contém 25% de etanol anidro, o aumento do processamento da safra e o consequente crescimento da oferta desse produto no mercado poderão derrubar seu preço – redução que também impactaria o valor da gasolina.

Última revisão – A Petrobras mexeu nos preços dos combustíveis pela última vez em junho de 2009, quando reduziu a gasolina em 4,5% e o diesel em 15%, já que os valores do petróleo haviam caído bastante no mercado internacional na esteira da crise financeira global.

Na ocasião, o governo elevou a Cide e praticamente anulou qualquer mudança no valor destes combustíveis nos postos.

Na última vez em que a Petrobras aumentou a gasolina e o diesel, em maio de 2008 (10% e 15% por cento, respectivamente), o governo havia reduzido a Cide também evitando mudanças dos preços na bomba.

A Petrobras enfrenta um cenário desafiador no mercado local em relação à gasolina, já que a demanda cresceu muito devido aos elevados preços do etanol nos últimos meses, que fizeram os donos de carros flex se afastarem do biocombustível.

A estatal precisou importar nafta, para elevar o volume de produção de gasolina em suas refinarias, e mesmo comprar diretamente gasolina no exterior, a preços elevados.

(com Reuters)

Fonte: VEJA