Pesquisadores divulgaram, esta semana, uma análise primária do surto da gripe suína (H1N1) com base em dados de monitorização da doença no México, incluindo a contaminação do vírus na população e o potencial deste gerar uma epidemia global. “Nossas primeiras análises sugerem que este surto será comparável às pandemias do século XX no que diz respeito à sua disseminação”, disse o autor do estudo, Neil Ferguson, professor do Imperial College de Londres.

Os resultados apoiam a decisão da Organização Mundial da Saúde (OMS) de elevar o nível de alerta da doença para a fase 5. O nível mais alto de alerta determinado pela organização é de fase 6.

Os pesquisadores lembram que os dados disponíveis ainda são incompletos e ainda há incertezas sobre a gravidade do surto, mas afirmam que este tipo de pesquisa pode proporcionar uma fundação científica para decisões de saúde pública, como o fechamento de escolas, em determinados países.

O estudo estima que, até 30 de abril, já ocorreram entre 6 mil e 32 mil infecções contraídas no México. Os números foram obtidos comparando-se padrões de viagens internacionais e casos detectados e confirmados de H1N1 em âmbito mundial. A estimativa indica que a porcentagem de casos fatais varia entre 0,4% a 1,4%.

O surto parece ter tido origem em meados de fevereiro deste ano, na vila mexicana La Gloria, no estado de Veracruz. Metade da população da localidade sofreu doença respiratória aguda, afetando 61% dos membros da comunidade com menos de 15 anos de idade.

Além disso, os pesquisadores determinaram a capacidade de transmissão do vírus. Isso se refere ao número de infecções que um caso de H1N1, em média, causa durante o período infeccioso. Os resultados indicam que entre 1,4 e 1,6 caso é gerado por cada indivíduo infectado pelo vírus.

Estes números são semelhantes ou mais baixos que os apresentados pelas epidemias ocorridas no século 20: 1918 (gripe espanhola), 1957 (gripe asiática) e 1968 (gripe de Hong Kong).

Até 5 de maio deste ano, 11.357 casos suspeitos e 822 casos confirmados da gripe H1N1 foram relatados no México. Os pesquisadores acreditam que estes números podem ser mais altos, pois a monitorização somente se concentrou nos casos graves.

Também foram registradas, no México, 29 mortes confirmadas e 88 mortes suspeitas causadas pelo vírus. Nos Estados Unidos, até agora, só foi confirmada uma morte causada pela gripe suína. Os cientistas acreditam que a infecção é exportada para outros países por viajantes saindo do México. Nos meses de março e abril deste ano, 38.749 passageiros embarcaram voos partindo do México tendo como destino o Brasil.

Fonte: Terra.com.br