Em A Gestão da Amazônia, obra editada pela Edusp, o autor evidencia o contraste entre a exuberante biodiversidade dessa imensa região e a gravidade de suas condições socioecônomicas; aborda as discussões sobre o relevante papel da floresta amazônica no presente cenário mundial de mudanças climáticas; analisa ações empresariais, iniciativas governamentais e propostas de pesquisadores; e, na conclusão, defende a tese de que a sustentabilidade amazônica é algo indissociável do crescimento econômico.

Para Marcovitch, à ideia de uma região intocável pela mão do empreendedor, opõe-se agora o entendimento de que a devastação de sua grande floresta deve ser contida pela oferta de outros meios, ambientalmente adequados e mais rentáveis para o setor produtivo e populações locais.

O lançamento será no dia 14 de Março, em Manaus (AM), e no dia 16 de março, em São Paulo (SP).

São Paulo, 01 de março de 2011 – O livro A Gestão da Amazônia – Ações Empresariais, Políticas Públicas, Estudos e Propostas, de Jacques Marcovitch, será lançado em Manaus (AM) e São Paulo (SP), nos dias 14 e 16 de março, respectivamente. Abrangente, a obra discute as questões mais importantes ligadas ao desenvolvimento sustentável da região amazônica, sem deixar de lado problemas agudos como a questão fundiária, o desmatamento predatório, as “cidades inchadas pela migração rural, ressentindo-se da falta de equipamento e serviços” e suas “populações empobrecidas, instáveis, buscando empregos que não aparecem”.

Apesar desse quadro, a visão de Marcovitch é otimista. A Amazônia surge no texto como um espaço de oportunidades, um “livro aberto”. “Nele estão colaborando cientistas, governantes, indígenas, empresários, observadores de todas as áreas e cidadãos permanentemente voltados para repensar o destino da mais estudada região do mundo”.

O sentido geral da obra é dado logo no início por uma citação de Samuel Benchimol, empreendedor pioneiro da região: “O mundo amazônico não poderá ficar isolado ou alheio ao desenvolvimento brasileiro e internacional, porém ele terá que se austossustentar em quatro parâmetros e paradigmas fundamentais: isto é, ele deve ser economicamente viável, ecologicamente adequado, politicamente equilibrado e socialmente justo.”

Na visão de Marcovitch, “naquela imensidão verde  se desenha uma promissora hipótese de futuro para o Brasil. O futuro é a referência norteadora do moderno ambientalismo. A premissa de satisfazer urgências contemporâneas sem afetar as gerações que virão, explícita no conceito básico de sustentabilidade, subverteu, desde a segunda metade do século XX, o modelo de produção a todo preço que havia inspirado a Revolução Industrial. Nesta década inicial do século XXI toma forma uma vertente científica em tudo favorável aos produtores naturais da Amazônia”.

O autor sublinha que esse modo de ver as coisas não deve ser considerado utópico. A bioindústria, embora incipiente, poderá crescer muito mais no Brasil e  exercer notável influência na economia regional. “A condicionante para isso é que o país garanta o valor da floresta em pé e evite, com maior agilidade, a destruição deste patrimônio que nos assegura o primeiro lugar da biodiversidade.”

UM NOVO CAPITALISMO

Marcovitch vai ainda mais longe ao apontar que “o futuro pode estar na Amazônia. Não há lugar no Brasil tão propício a experiências avançadas em biotecnologia ou procedimentos de integração e reencontro do homem com a natureza. A região oferece todas precondições para a realização do sonho ambientalista. O caminho para isso, entretanto, não é mais a estrada curta da utopia. Aí estão fatores emergentes de ordem econômica e política, incluindo aspectos de um novo capitalismo jamais imaginado pelos visionários de ontem”.

Na primeira parte da obra, O Grande Cenário, Marcovitch expõe as macro questões regionais: o quadro social, a floresta e seus tesouros, infraestrutura científica, o efeito estufa e a região (considerada o ar condicionado do mundo), os conflitos visíveis e invisíveis, o povo indígena. Destaca também estudos importantes para o futuro do maior bioma brasileiro.

Ao virar as páginas, o leitor percebe que faz um curso completo sobre a Amazônia e se coloca em dia com mecanismos de mitigação do efeito estufa como o REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação), objeto de discussões nacionais e internacionais.

O desmatamento, antes atribuído às lavouras de soja, segundo o autor, é consequência de outros plantios, os itinerantes, que provocam as queimadas; de uma pecuária destrutiva, sem regras técnicas ou preocupações legais; e, sobretudo, da extração predatória de madeira. “Um aspecto não suficientemente difundido é a culpa da pecuária no desmatamento e nas queimadas, quase sempre atribuído à indústria madeireira ilegal. Entre estudiosos e ambientalistas já ficou claro que passa de 70% o volume de árvores tombadas para dar lugar à pastagem de gado.”  E isso quase sempre em terras públicas ocupadas por pecuaristas a custo zero ou adquiridas de particulares por preços mínimos.

Na segunda parte de A Gestão da Amazônia, A Economia Verde, Marcovitch apresenta um survey realizado com dez empresas de grande porte que desenvolvem atividades sustentáveis na Amazônia. A metodologia desse levantamento já havia sido utilizada pelo autor em outro livro (Para Mudar o Futuro – Mudanças climáticas, políticas públicas e estratégias empresariais). O texto destaca igualmente parcerias recentes entre o setor público e a iniciativa privada que facilitam o caminho para o fortalecimento de uma economia verde no Brasil.

Para ele, “estes acertos setoriais poderiam servir de modelo e ganhar maior amplitude na formação de um Conselho de Desenvolvimento Ambiental, que seria coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, em moldes assemelhados aos do Conselho de Desenvolvimento Econômico. Sua finalidade seria buscar um grande acordo nacional em torno de questões centrais de uma pauta dispersa, hoje, em audiências públicas e confrontos previsíveis entre ONGs, lobbies, governo, cientistas e empresários”.

Na lista de acertos setoriais citados por Marcovitch estão o Termo de Compromisso entre o Ministério do Meio Ambiente (MMA), a Associação Brasileira de Óleos Vegetais e a Associação Nacional de Exportadores de Soja, estendendo a moratória da soja, que susta a comercialização do produto caso proveniente de áreas desflorestadas da Amazônia; e o Pacto pela Madeira Legal e Desenvolvimento Sustentável, assinado pela Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), Associação de Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará (Aimex), Grupo de Produtores Florestais Certificados da Amazônia (PFCA), Ministério do Meio Ambiente e governo do Pará.  O MMA assume, no documento, o compromisso de licitar quatro milhões de hectares de concessões florestais, regulamentar a exploração de florestas plantadas e disponibilizar na internet a situação dos fornecedores. O governo do Pará comprometeu-se a licitar 150 mil hectares de concessão de florestas estaduais.

Na terceira parte, Propostas na Mesa, Marcovitch reúne depoimentos, especiais para o livro, colhidos junto a nomes ilustres que dão conteúdo ao debate nacional sobre a Amazônia. A partir de um questionário do autor, opinam: Berta Becker, Charles Clement, Enéas Salati, Márcio Macedo da Costa, Paulo Artaxo, Philip Martin Fearnside e Roberto Smeraldi.

Na quarta e última parte, A Verdadeira Sustentabilidade, o autor faz um balanço do conteúdo apresentado e uma discussão sobre a sustentabilidade, encarada como objetivo empresarial estratégico. Na opinião de Marcovitch, ela “deve ser praticada estritamente nesse âmbito, jamais como atitude beneficente. O mercado internacional exige que os exportadores apresentem certificações de suas práticas ambientais. Já houve ameaça de boicote comercial a produtos de origem comprometedora. Aconteceu até a suspensão das importações de carne bovina e graves restrições à soja produzida graças ao desmatamento da Amazônia”.

O público-alvo de A Gestão da Amazônia é formado pelos escalões decisórios do universo corporativo, jovens pesquisadores (especialmente os da área de administração empresarial) e leitores em geral, tendo em vista que o autor explora o tema por meio de um texto didático, fluente e sem ostentação.

O programa de  lançamento do livro em Manaus e São Paulo inclui a realização de dois  seminários com a participação de especialistas citados no texto. O programa desses eventos poderá ser consultado no site http://www.fea.usp.br

Os seminários foram organizados em parceria pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Instituto de Estudos Avançados da USP, Edusp, FEAUSP e Fundação Bunge.

JACQUES MARCOVITCH

Professor de Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEAUSP). Foi reitor da USP de 1997 a 2001. É autor dos livros Para Mudar o Futuro – Mudanças climáticas, políticas públicas e estratégias empresariais, A Universidade (Im)Possível, Universidade Viva e da trilogia Pioneiros e Empreendedores – A Saga do Desenvolvimento no Brasil, entre outros.

EVENTOS DE LANÇAMENTO DO LIVRO A GESTÃO DA AMAZÔNIA

Dia 14/3, às 15h30, Auditório de Ciência do INPA, av. André Araújo, 2936, Bairro Aleixo, Manaus (AM). Informações: (92) 3643-3096

Dia 16/3, às 11h30,  Sala da Congregação da FEAUSP, av. Professor Luciano Gualberto, 908, Cidade Universitária, São Paulo (SP). Informações: mailto: mudarfuturo@usp.br

FEAUSP

A Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEAUSP) é uma instituição pública de ensino e pesquisa conhecida no país e no exterior pela excelência de seus cursos, pela qualidade de sua produção acadêmica e pelos inúmeros serviços prestados à comunidade.  Na linha de frente das instituições que formam economistas, administradores e especialistas em contabilidade e atuária no Brasil, a FEAUSP pauta suas atividades pelos elevados padrões da Universidade de São Paulo e alia o conhecimento sobre a realidade brasileira ao referencial teórico e metodológico dos mais avançados centros de conhecimento internacionais.
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