Ditador fez pronunciamento na TV e, logo após, aviões bombardearam a capital

O ditador líbio Muamar Kadafi mostrou-se decidido a permanecer no poder, horas depois de suas forças de segurança terem protagonizado os mais violentos momentos da repressão contra os protestos que exigem sua renúncia, após 42 anos no poder. Na noite de segunda-feira, ele fez uma breve aparição ao vivo na TV estatal, quando aproveitou para atacar a mídia ocidental, criticando os boatos de que teria fugido.

“Vou ver os jovens na Praça Verde. Só para mostrar que estou em Trípoli e não na Venezuela, e desmentir as televisões, essas cadelas”, disse o coronel de 68 anos, que entrou em um carro com um guarda-chuva para se proteger da chuva forte que caía naquele momento.

Apesar do pronunciamento de 22 segundos, o poder de Kadafi parece caminhar sobre a corda bamba: a rebelião chegou no último domingo à capital, onde os manifestantes saquearam a sede de uma emissora de TV e de rádio estatais. Ao mesmo tempo, houve ainda mais deserções, incluindo os pilotos que se negaram a bombardear os manifestantes. Também em protesto contra o massacre da população, vários diplomatas líbios renunciaram a seus cargos nos últimos dias.

Mais repressão – Mas nem por isso a repressão cessou. Mal as imagens de Kadafi saíram do ar, uma nova onda de ataques contra manifestantes começou em várias regiões de Trípoli. A Força Aérea bombardeou a capital no início da manhã como mais uma parte da ofensiva aos protestos contra o regime do ditador.

Conforme fontes ouvidas pela rede de TV Al Jazeera, mercenários se somaram às forças militares e de segurança da Líbia na operação para reprimir os protestos. Em um bairro ao leste de Trípoli ainda era possível ver corpos de vítimas pelas ruas. Na véspera, 61 pessoas haviam sido mortas pela repressão. “Os aviões de guerra e os helicópteros estão bombardeando indiscriminadamente um setor após outro. Há muitos mortos”, disse uma das testemunhas.

No entanto, a emissora oficial de televisão desmentiu nesta terça informações sobre “massacres”, e denunciou “mentiras e rumores”.

(Com agências France-Presse e EFE)

Fonte: revista VEJA