Brasileiros, das classes KL1 e KL3, venceram suas baterias e nem precisaram passar pela semifinal para garantir vaga na briga por medalhas
O Estádio da Lagoa recebeu, na manhã desta quarta-feira (14.09), as baterias preliminares e semifinais do primeiro dia de disputas da canoagem velocidade nos Jogos Paralímpicos Rio 2016. Luis Carlos Cardoso, na classe KL1, e Caio Ribeiro, na KL3, venceram suas baterias e avançaram direto à final. As provas decisivas ocorrem nesta quinta-feira (15.09), a partir das 9h.
Campeão mundial da classe KL1, para atletas que usam somente os braços durante a remada, Luis Carlos Cardoso venceu a segunda bateria da categoria com o tempo de 54s887, e passou à final com a segunda marca geral, atrás apenas do britânico Ian Mardsen, vencedor da primeira bateria com 52s311. Embora tenha se mostrado satisfeito com o resultado após a prova, o atleta pregou foco para o embate decisivo. “A primeira etapa foi concluída, agora é descansar bem a mente para amanhã vir com força total e buscar uma medalha”.
Para o piauiense, uma vitória na estreia da modalidade no programa paralímpico, e diante de uma ilustre torcedora, teria sabor especial. “Além de ser a primeira vez da canoagem nos Jogos, estamos competindo em casa. Nossa família está ai, na arquibancada. Isso é um valor muito grande, vai ficar marcado na marcado na memória de cada um deles, principalmente da minha sobrinha Luisa, de três anos, que é pequenininha”, afirma.
Para Luis Carlos, o sucesso da canoagem velocidade olímpica brasileira, que no Rio 2016 subiu três vezes ao pódio, é fundamental para que a modalidade passe a ser mais conhecida. “Deu mais uma motivação. Acredito que através do Isaquias e do Erlon, o país pôde conhecer mais o que é a canoagem velocidade. As pessoas puderam conferir esse esporte tão maravilhoso. Espero que a partir desse resultado, o esporte venha a se desenvolver mais em nosso país”.
Antes de sofrer uma infecção na medula e perder o movimento das pernas, o canoísta era dançarino profissional e integrava o grupo do cantor de forró Frank Aguiar. Um dos grandes incentivadores da carreira esportiva de Luis Carlos, o músico deu ao atleta o seu primeiro barco para treinamentos.
Tricampeão mundial da prova de canoa – que não faz parte dos Jogos Paralímpicos, que só abrange disputas em caiaques –, Luis torce para que a embarcação seja incluída nas próximas edições dos Jogos. “Seria maravilhoso. É meu sonho poder disputar duas provas e, quem sabe, levar duas medalhas. Se a canoa entrar também, pode ter certeza que vou me dedicar aos dois, não vou largar nenhum”, brinca.
Briga pelo pódio
Já na classe KL3, para atletas que utilizam tronco e braços durante a remada, Caio Ribeiro venceu a segunda bateria, com tempo de 43s0333, e também avançou à decisão sem precisar disputar a semifinal. “Essa prova foi bem diferente dos últimos dias que a gente vem remando aqui, com um vento contra forte, então a velocidade não foi tão alta. Mas a prova foi tranquila, era o que eu esperava, ter passado em primeiro na minha bateria. Agora é só aguardar amanhã para poder disputar a final”, analisa.

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Caio Ribeiro brinca antes da disputa da final: Eu sonho, vivo, respiro, como e remo medalha. Foto: Marcio Rodrigues/MPIX/CPB

Campeão da canoa no Mundial de Milão, em 2015, o brasileiro  projeta uma batalha bastante acirrada pelo pódio. “Todo mundo que veio para os Jogos Paralímpicos está brigando por medalha. Para mim não existe isso de favorito, porque todo mundo vem para cá já sendo melhor do mundo, disputando a mesma coisa, que é a medalha de ouro. Estou focado, estou concentrado, sei o que eu quero, sei o meu objetivo. Eu sonho, vivo, respiro, como e remo a medalha. Vamos ver no que essa brincadeira vai dar”, aponta.
Fora da final
Debora Raiza e Igor Tofalini, da KL2, e Mari Christina Santilli, da KL3, não conseguiram chegar à final. Nas baterias classificatórias, todos eles chegaram na quinta colocação e, desta forma, precisaram disputar a semifinal para tentar a vaga na decisão. Debora e Igor, em quinto lugar, e Mari, em sexto, foram eliminados em suas respectivas semifinais.
A modalidade
Praticam a canoagem atletas com deficiência físico-motora. Ao lado do triatlo, a modalidade é uma das novidades dos Jogos Paralímpicos Rio 2016. Existem dois tipos de provas: o caiaque, representado pela letra K, e a canoa, denominada pela letra V. Entretanto, somente as provas de caiaque estão integradas ao programa paralímpico.
Em 2010, o Ministério do Esporte celebrou convênio com a Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa), no valor de R$ 2,1 milhões para estruturação de centros de canoagem no país. A Confederação adquiriu barcos, remos, notebooks, rádios, GPS, frequencímetros, uniformes e itens de laboratório. Além disso, implementou um centro de treinamento em São Paulo (SP).
Entre 2012 e 2015, o Ministério também investiu na modalidade por meio do Bolsa Atleta, maior programa de patrocínio individual do mundo. Foram concedidas no período 53 bolsas, nas categorias Atleta de Base, Estudantil, Nacional, Internacional e Paralímpica, num investimento em torno de R$ 752,5 mil. Por meio da Bolsa Pódio, foram concedidas sete bolsas, com investimento de R$ 948 mil entre 2013 e 2016.

Fonte: Pedro Ramos – Brasil2016.gov.br