O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem em Vitória que vai tentar orquestrar a conciliação de projetos para mitigação do aquecimento global de diversos países para que as nações cheguem à Conferência Internacional do Clima, em dezembro, na Dinamarca, com uma proposta única. Lula defendeu a adoção de uma proposta mais radical do que as debatidas atualmente, com redução do uso de combustível fóssil a longo prazo e das emissões de CO2.

Durante um encontro empresarial entre Brasil e Alemanha, Lula afirmou que o assunto estará na pauta da visita que fará à chanceler alemã, Angela Merkel, em dezembro. Para o presidente, outros países poderão se somar ao esforço de obtenção um projeto com mais facilidade de aceitação.

– Eu disse aos companheiros da Alemanha que seria importante que o país tivesse a sua proposta preparada, que o Brasil tenha a sua proposta preparada e que a gente possa, antes de Copenhague, os dois grupos, se encontrar, para ver se pode chegar lá com uma posição única entre Brasil, Alemanha, EUA e outros países importantes que precisam assumir responsabilidades – afirmou.

O presidente disse que as propostas precisam ser mais radicais que muitas das que estão sendo discutidas no mundo no momento.

Para Lula, é necessário uma política de longo prazo de redução do uso de combustíveis fósseis e de redução da emissão de gases do efeito estufa.

De vez em quando eu vejo as pessoas discutirem que, se os países ricos pudessem pagar um fundo para sequestrar carbono, estaria resolvido o problema. Não. É preciso que a gente ajude os países pobres a ganharem algum recurso com o sequestro de carbono, mas é preciso que a gente discuta a diminuição da emissão de gases de efeito estufa pelos países ricos, e cada país assumir um compromisso em função daquilo que emite de gases de efeito estufa, ou ganhar em função daquilo que ele sequestra de carbono – afirmou Lula.

Ele sugeriu novamente incluir nas discussões sobre o clima e o desenvolvimento dos biocombustíveis. Em sua opinião, se muitos países não querem que o Brasil seja o grande fornecedor de etanol – para que não haja o risco de desmatamento da Amazônia – uma produção de álcool em larga escala poderia ser feita em outros países.

Até porque hoje a questão climática não é mais uma discussão de malucos, de jovens. É uma questão de sobrevivência da Humanidade, de vantagem comparativa para o empresário que atuar corretamente, aquele que menos poluir e que mais contribuir para o sequestro correto do carbono já emitido – comentou o presidente.

O Globo