Beijo no filho, crise de riso e dois ouros marcam noite de gala de Michael Phelps no Rio de Janeiro. Nadador norte-americano volta a fazer história ao ampliar recorde de medalhas olímpicas de ouro com duas vitórias

Em um intervalo de duas horas, Phelps caiu na piscina duas vezes e saiu com dois ouros. O primeiro veio nos 200m borboleta, prova que perdeu em Londres para o sul-africano Chad Le Clos, e estava engasgada em sua garganta. Depois de retomar o título de campeão olímpico – tempo de 1m53s36 e Le Clos em quarto -, Phelps não conseguia parar de rir. Com a medalha no peito, deu a volta no Estádio Olímpico, sob aplausos ensurdecedores, até chegar perto de sua família, que o apoiava nas arquibancadas.
O nadador, então, quebrou o protocolo, passou no meio de uma multidão de fotógrafos que registravam cada segundo e escalou a tribuna para beijar a mulher Nicole e pegar o filho Boomer nos braços. “Eu queria segurá-lo por mais tempo, mas foi bom ver que ele estava acordado, porque geralmente ele está dormindo nesse horário”, brincou o campeão.
A explicação para a crise de riso no pódio também arrancou risadas dos jornalistas. “Eu tenho uns amigos de Baltimore que estão aqui. E se vocês soubessem como as pessoas de Baltimore cantam o hino nacional. Eles gritam um ‘O’ e foi exatamente o que eu ouvi. Eu só conheço uma pessoa que estava aqui que seria capaz de fazer isso. Então eu não conseguia parar de rir. Queria agradecer os rapazes por terem vindo até aqui para me apoiar”, disse.

Volta por cima
A alegria também era alívio por retomar o topo em uma prova cuja medalha de ouro olímpica escapou de suas mãos em Londres-2012. “O que aconteceu quatro anos atrás ficou engasgado. Essa era uma prova que eu realmente queria ganhar, queria essa medalha de volta”, contou Phelps. A curiosidade é que foi exatamente nesta prova que Phelps iniciou sua carreira olímpica, 16 anos atrás, em Sydney, na Austrália. O então adolescente de 15 anos conseguiu apenas um hoje impensável quinto lugar.
Nesta que é sua última Olimpíada, Phelps não se preocupou em esconder o cansaço após competir em duas finais na mesma noite. “Competir duas provas agora é bem mais complicado do que era”, admitiu. Ele mal teve tempo de se preparar após a primeira cerimônia de premiação e já voltou à beira da piscina para competir na equipe dos Estados Unidos no revezamento 4 x 200m livre. Último a cair na água, Phelps pegou uma vantagem considerável construída por seus companheiros e apenas precisou controlar a prova até o final para assegurar sua 21ª medalha olímpica de ouro da carreira, com um tempo de 7m00s66. No último domingo, ele já havia integrado a equipe americana que conquistou o ouro nos 4 x 100m livre.
No total, são 25 pódios, sendo duas pratas e dois bronzes. Para se ter uma ideia, se Phelps fosse um país no quadro de medalhas da história olímpica, ele estaria à frente de 174 nações reconhecidas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). O Brasil, país de mais de 200 milhões de habitantes, soma 24 ouros em todos os tempos, já contando o de Rafaela Silva, conquistado este ano no judô.
Nesta quarta-feira, Phelps volta a competir nas eliminatórias dos 200m medley, mesma prova do nadador brasileiro Thiago Pereira. Eles nadarão lado a lado na mesma bateria. Na quinta, nada as eliminatórias dos 100m borboleta e a final dos 200m medley. A final dos 100m borboleta está marcada para sexta-feira. Phelps ainda estuda a participação em outros revezamentos, mas admitiu que precisará planejar com cuidado para evitar o desgaste excessivo. Se colocar na cabeça que vai competir, no entanto, entrará para vencer, como fez nesta terça. “Eu entrei na piscina com uma missão hoje, e a missão foi cumprida”, resumiu.

Fonte: Brasil2016