A Reciclanip, criada pelos fabricantes brasileiros de pneus recolhe e dá destinação correta aos pneus descartados, evitando que possam causar problemas ambientais ou de saúde, num trabalho em parceira com prefeituras de todo o Brasil.

 

A Reciclanip, entidade que é parte do Sistema ANIP – Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos, completa 15 anos, e neste período, já coletou e destinou de forma ambientalmente correta mais de 2,8 milhões toneladas de pneus. Esta quantia equivale a cerca de 560 milhões de unidades de pneus de carros de passeio, que foram coletados e destinados adequadamente. Atualmente a entidade recolhe os produtos descartados em 834 pontos de coleta presentes em todos os estados do Brasil. Nestes 15 anos já foram investidos mais de R$ 550 milhões.

“Por lei os municípios com mais de 100 mil habitantes precisam ter um ou mais pontos de coleta, e há 299 municípios com essa população ou mais em todo o país, de acordo com o IBGE. Municípios menores devem se coligar para estabelecer pontos comuns. Assim, o número de municípios atendidos é bem superior a mil”, explica o presidente executivo da entidade, Alberto Mayer.

Os pontos de coleta em todos os estados e no Distrito Federal foram criados em parceria com as prefeituras e algumas empresas ou entidades. Estas cedem os terrenos dentro das normas especifica de segurança e higiene para receber os pneus inservíveis vindos de origens diversas. O responsável pelo Ponto de Coleta comunica a Reciclanip sobre a necessidade de retirada do material e a Reciclanip programa essa retirada com os transportadores conveniados. Para saber onde levar os pneus inservíveis é só consultar a lista com todos os pontos de coleta que está no site www.reciclanip.com.br.

 

Como funciona o ciclo da logística reversa da Reciclanip

Os Pontos de Coleta, de acordo com as normas de segurança ambiental, devem ser em recintos cobertos que, em sua maioria, são locais de propriedade das prefeituras municipais. O sistema de coleta do município, os revendedores e mesmo cidadãos devem colocar os pneus inservíveis no Ponto de Coleta e quando ali é atingido um volume limite estabelecido pela Reciclanip: 2000 pneus de passeio ou 300 de carga, a entidade é avisada e um caminhão vai retirá-los. Os pneus assim recolhidos são encaminhados a destinações aprovadas pelo IBAMA, que são basicamente empresas de trituração e moagem ou fabricantes de cimento equipados com filtros adequados que permitam seu co-processamento como combustível nos fornos de clínquer. No caso das empresas de trituração e moagem, a borracha pode ser separada dos outros materiais: aço e tecido e reutilizada, seja para produzir o asfalto borracha, usado em pavimentação, seja para transformação em outros produtos, como tapetes, revestimentos de piso, etc.

Para realizar o trabalho de recolhimento e a destinação, há uma média de 70 caminhões transitando diariamente, em todos os dias do ano, cobrindo todos os estados do país. “Toda essa complexa operação logística é hoje comandada pela Reciclanip, formada em 2007 pelos fabricantes do setor, que já tinham experiência acumulada desde 1999, quando começou a coleta. Esse recolhimento representa um custo de cerca de R$ 100 milhões anuais em 2014, pago pelas indústrias do país. Os importadores devem fazer o mesmo, mas nem todos cumprem com esta obrigação”, diz Mayer.

Os 11 fabricantes do país fazem o recolhimento por meio da Reciclanip, que é fiscalizada pelo IBAMA. De acordo com o Relatório de Pneumáticos 2013 – Ibama, a indústria nacional cumpriu em 105% a meta de destinação, enquanto as importadoras não cumpriram a meta, destinando apenas 79,6% da meta estipulada. No ano anterior, o mesmo relatório do IBAMA, de 2012, mostra que a indústria nacional destinou 101,8% do previsto, e os importadores deixaram de cumprir 33,3% da meta, gerando passivos ambientais importantes com reflexos nos gastos de saúde pública e outros oriundos de poluição ambiental. Este descaso pela destinação legalmente obrigatória estabelece uma concorrência desleal entre o produto importado e o nacional que cumpre à risca as determinações legais, dado que o custo das fabricantes nacionais atinge R$ 100 milhões no ano.

Reaproveitamento ou queima

No Brasil, os pneus inservíveis recolhidos pela Reciclanip são reaproveitados de diversas formas. Depois de moído o pneu, a borracha é separada dos demais componentes, especialmente do aço e o tecido, que também são reutilizados. Entre os produtos que reutilizam a borracha estão solados de sapato, materiais de vedação, dutos pluviais, pisos para quadras poliesportivas, pisos industriais e tapetes para automóveis. A borracha moída e separada também é misturada ao asfalto para uso em pavimentação, gerando o asfalto borracha, que apresenta importantes vantagens de segurança e durabilidade.

A maioria dos inservíveis é, no entanto, queimada como combustível alternativo nas indústrias de cimento, pelo seu alto poder calorífico, num processo cercado de todos os cuidados ambientais necessários, que envolve o uso de sistemas especiais de filtração e retenção.

Todas estas destinações são aprovadas pelo IBAMA como destinações ambientalmente adequadas.

“É muito importante que o consumidor tenha a consciência de não levar pneus velhos pra casa. Sempre que ele comprar um pneu novo, ele deve deixar seu pneu inservível na loja, que tomará as providências necessárias para que o pneu chegue até nosso ponto de coleta. Os pneus inservíveis descartados de forma errada contribuem para entupimentos de redes de águas pluviais e enchentes, poluição de rios e ocupam um enorme volume nos aterros sanitários e podem ainda ser foco para o mosquito da dengue. Se queimados de forma errada, geram poluição atmosférica”, diz Mayer.

 Sobre a ANIP e Reciclanip

A ANIP – Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (www.anip.org.br), fundada em 1960, representa a indústria de pneus e câmaras de ar instalada no Brasil, que compreende onze empresas e 20 fábricas instaladas nos Estados de São Paulo (nove), Rio de Janeiro (duas), Rio Grande do Sul (duas), Bahia (três), Paraná (três) e Amazona (uma). Ao todo, responde por 27 mil empregos diretos e 120 mil indiretos. O setor é apoiado por uma rede com mais de 5 mil pontos de venda no Brasil com 40 mil empregos. Em 2007 a ANIP criou a Reciclanip, voltada para a coleta e destinação de pneus inservíveis no País. Originária do Programa Nacional de Coleta e Destinação de Pneus Inservíveis, de 1999, a Reciclanip é considerada uma das principais iniciativas na área de pós-consumo da indústria brasileira, por reunir mais de 800 pontos de coleta no Brasil. Desde 1999, quando começou a coleta pelos fabricantes, 2,79 milhões de toneladas de pneus inservíveis foram coletados e destinados adequadamente, o equivalente a 558 milhões de pneus de passeio.

Seguindo o modelo de gestão de empresas européias, com larga experiência na coleta e destinação de pneus inservíveis, a Reciclanip é diferente no quesito remuneração. Em outros países, as empresas são pagas pelos vários agentes da cadeia produtiva para cobrir as despesas operacionais e garantir a destinação de pneus inservíveis. Os consumidores europeus, quando compram novos pneus para seus veículos, por exemplo, são obrigados a pagar uma taxa para a reciclagem dos pneus velhos. Aqui no Brasil, os fabricantes de pneus novos, representados pela ANIP, arcam com todos os custos de coleta e destinação dos pneus inservíveis, como transporte, trituração e destinação.

O programa é desenvolvido por meio de parcerias com as prefeituras, que cedem os terrenos dentro de normas específicas de segurança e higiene para receber os pneus inservíveis vindos de origens diversas. Forma-se então, o Ponto de Coleta. São 819 em todo país, de onde a Reciclanip recolhe e transporta os pneus até as empresas de trituração ou de reaproveitamento.

Prêmio-E

O trabalho de coleta e destinação de pneus inservíveis realizado pela ANIP/ Reciclanip recebeu um reconhecimento da UNESCO, o Prêmio-E na categoria “Economia”, entregue durante a durante a Rio+20, realizada em junho de 2012 no Rio de Janeiro.

A premiação, em sua 1ª edição, integrou a programação oficial da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, com o objetivo de reconhecer as iniciativas socioambientais mais representativas dos últimos 20 anos, executadas após a ECO-92. Idealizada por Oscar Metsavaht, embaixador da Boa Vontade da UNESCO, o prêmio é uma parceria do Instituto-E (http://www.institutoe.org.br/premioe/), Prefeitura do Rio de Janeiro e UNESCO.