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O Paraná teve uma perda de 2.126 hectares de floresta nativa, um aumento de seis por cento.

 

A Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) divulgam os novos dados do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, no período de 2012 a 2013. O estudo aponta desmatamento de 23.948 hectares (ha), ou 239 Km², de remanescentes florestais nos 17 Estados da Mata Atlântica no período de 2012 a 2013, um aumento de 9% em relação ao período anterior (2011-2012), que registrou 21.977 ha.

A taxa anual de desmatamento é a maior desde 2008, cujo registro foi de 34.313 ha. No período 2008 a 2010, a taxa média anual foi de 15.183 hectares. No levantamento de 2010 a 2011, ficou em 14.090 ha.

Nos últimos 28 anos, a Mata Atlântica perdeu 1.850.896 ha, ou 18.509 km2 – o equivalente à área de 12 cidades de São Paulo. Atualmente, restam apenas 8,5% de remanescentes florestais acima de 100 ha. Somados todos os fragmentos de floresta nativa acima de 3 ha, restam 12,5% dos 1,3 milhões de km2 originais.

Líderes do desmatamento

Minas Gerais é o estado campeão do desmatamento pelo quinto ano consecutivo, com 8.437 ha de áreas destruídas, seguido do Piauí (6.633 ha), Bahia (4.777 ha) e Paraná (2.126 ha). Juntos, os quatro estados são responsáveis por 92% do total dos desflorestamentos, o equivalente a 21.973 ha.

Apesar de liderar a lista, Minas apresentou redução de 22% na taxa de desmatamento. De acordo com Marcia Hirota, diretora-executiva da Fundação SOS Mata Atlântica, a queda é resultado de moratória que desde junho de 2013 impede a concessão de licenças e autorizações para supressão de vegetação nativa do bioma.

“Consideradas as médias mensais de desmatamento em Minas, tivemos uma redução de 64% no ritmo dos desfloramentos após o anúncio da moratória, que passou de 960 ha para 344 ha por mês. A resposta do governo foi positiva, mas os índices ainda são os maiores do país e há muito trabalho a ser feito, não só para conter o desmatamento, mas para restaurar e recuperar essa floresta”, observa a diretora.

Desmatamento em alta

Em segundo lugar no ranking, o Piauí surpreendeu negativamente com a marca de 6.633 ha de áreas suprimidas, um aumento de 150% em relação aos índices registrados no período 2011-2012 (2.658 ha).

A Bahia, terceiro estado que mais desmatou o bioma no último ano, perdeu 4.777 ha, um aumento de 6% em relação aos 4.516 ha do período anterior. Em quarto lugar no ranking, o Paraná teve uma perda de 2.126 ha de floresta nativa – o aumento também foi de 6%. Lá, os principais focos de desmate aconteceram na região centro-sul, áreas de araucária que já registraram grandes índices de desflorestamento no passado.

Outro destaque negativo é o caso do Mato Grosso do Sul, que registrou 568 ha de desflorestamento, o que rendeu a ele o 6º lugar no ranking, logo atrás de Santa Cartarina (672 ha).

Marcia Hirota explica que nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro – que apresentaram baixos índices de desmatamento – a preocupação é com o chamado “efeito formiga”. “Não há mais desmatamentos de grandes proporções, mas eles ainda acontecem para expansão de moradias e infraestrutura. Só não aparecem no nosso levantamento porque são áreas menores de 3 há”, diz ela.

Mangue e Restinga

No período de 2012 a 2013 não foi identificada, pela escala adotada, supressão da vegetação de mangue. Já a destruição de vegetação de restinga foi de 806 ha, uma redução de 48% em relação aos 1.544 ha identificados no período anterior, sendo que o maior desmatamento ocorreu no Ceará, com 494 ha.

Segundo Flávio Jorge Ponzoni, do INPE, os avanços tecnológicos têm permitido mais precisão nos levantamentos. “Mas, em razão da cobertura de nuvens, que prejudicam a captação de imagens via satélite, foram avaliados 87% da área total do bioma Mata Atlântica”.

Os dados completos e o relatório técnico poderão ser acessados no sites SOS Mata Atlântica e INPE ou diretamente no servidor de mapas.

Fonte: CicloVivo