Coreia do Sul entra em alerta, e EUA dizem estar em contato constante com seus aliados na Ásia

No poder desde 94, Kim Jong-il morreu sábado, de infarto; quase nada se sabe sobre seu filho e sucessor, Kim Jong-un

KCNA/Reuters
Norte-coreanos choram a morte de Jong-il na capital do país, Pyongyang

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A morte de Kim Jong-il -Estimado Líder, Estrela Guia do Século 21 e Glorioso General que Desceu do Céu, entre 200 títulos oficiais- lançou a Coreia do Norte, país comunista e uma das ditaduras mais fechadas do mundo, em um cenário de dúvidas após os seus 17 anos no poder.

A morte e a incerteza sobre o quadro sucessório fizeram a vizinha Coreia do Sul -cuja guerra com a do Norte, em cessar-fogo desde 1953, nunca se encerrou oficialmente- entrar em alerta e causaram apreensão nos EUA, inimigos do regime, em razão do arsenal nuclear norte-coreano.

O ditador, cujo nome se pronuncia “kim djón il” (Kim é o sobrenome), morreu de infarto no sábado, aos supostos 69 anos (não há certeza sobre sua data de nascimento), durante “viagem de inspeção” em seu trem, disse a mídia estatal. Ele já sofrera um aparente AVC em 2008.

A notícia só foi divulgada na madrugada de ontem (horário de Brasília). Horas depois, o partido governista norte-coreano, dos Trabalhadores, e outros órgãos estatais divulgaram nota sugerindo que o sucessor escolhido por Jong-il, seu filho Kim Jong-un, está no comando.

O comunicado chama Jong-un (pronuncia-se “djón un”), terceiro filho de Jong-il -os mais velhos se desentenderam com o pai-, de “grande sucessor” e “eminente líder do Exército e do povo”.

De idade estimada entre 28 e 30 anos, Jong-un também foi designado chefe do comitê que organizará os funerais do pai, marcados para 28 de dezembro. Prevê-se que a cerimônia sirva de demonstração de apoio ao novo líder.

A dúvida de analistas é em que medida Jong-un, preparado para a sucessão desde a época do AVC do pai, mas sem experiência prévia, governará de fato -especula-se que seu tio, Jang Song-taek, atual número dois do regime, possa atuar como regente.

Outros especialistas questionam se o poderoso Exército do país e sua elite estarão dispostos a aceitar a terceira geração da família Kim no comando -o avô de Jong-un, Kim Il-sung, ocupou o poder de 1948 até sua morte, em 1994. Ao todo, a “dinastia” governa há 63 anos.

Logo depois do anúncio da morte do ditador, a agência sul-coreana Yonhap registrou testes de mísseis de curto alcance do lado norte da fronteira. Rotineiros, eles foram vistos ontem como tentativa de sinalizar a estabilidade do governo norte-coreano.

Em visita ao Japão, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, defendeu uma transição “estável e pacífica” na Coreia do Norte. Estima-se que o país tenha matéria-prima suficiente para fabricar oito bombas atômicas.

fonte: folha de sp