Gustavo Faleiros e Eduardo Pegurier *
As queimadas que consomem o Cerrado em números chocantes

Essa semana, no dia 11, foi comemorado o Dia Nacional do Cerrado. É bom que a data exista, pois talvez algum dia possamos festejá-la. No momento, o foco sobre o Cerrado é apenas uma maneira de voltar a atenção para as suas tragédias.

O Cerrado é, hoje, o bioma brasileiro desmatado com maior rapidez.  Em um ano apenas, entre 2008 e 2009, perdeu 0,37% da sua área, o que equivale a 75,6 mil km2. No total, já foram desmatados 957,7 mil km2 da sua área original de 2 milhões de km2 — restam cerca de 53%.

As queimadas e o desmatamento estão ligadas diretamente. Entre julho e meados de setembro, auge da temporada de seca e queimadas, o Cerrado foi também, disparado, o bioma que mais queimou. No mapa acima, a cor alaranjada representa a sua área. Os pontos vermelhos são focos de queimada entre julho e setembro. O norte do estado é um borrão vermelho.

Nas últimas 48 horas, havia 4.583 focos no Brasil, 2.119, ou 46%, estavam no Cerrado. A Amazônia tinha 1.637 focos, a Caatinga 498, a Mata Atlântica 296 e o Pantanal apenas 33.
“Nesta época do ano, o homem é o único responsável pelos incêndios. Fogo considerado natural é apenas aquele causado por raios, e nesta época isso não ocorre”, diz Christian Berlinck, coordenador de Emergências Ambientais do ICMBio. Ele explica que incêndios causados por raios em geral são sucedidos por chuvas que limitam a sua extensão.

Alberto Setzer, coordenador do Monitoramento de Queimadas do INPE, bate no mesmo ponto: “Hoje, temos dezenas de focos de incêndios criminosos ocorrendo dentro de Unidades de Conservação e milhares de focos espalhados pelo Brasil. O INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) produz os principais levantamentos sobre queimadas no Brasil”.

Entre 1 de julho e 11 de setembro de 2012, essa última data aquela em que se comemora o aniversário do Cerrado, ele teve 47,5 mil focos de incêndio, o que equivale a 53% do total do país. No mesmo período, em 2011, tinha 27,5 mil focos, que representavam 55% do total. Para encerrar a saraivada de números, a quantidade verificada este ano foi bem maior. Mais precisamente, no período mencionado, houve 72,7% mais focos de incêndio em 2012. Como se vê, nada a festejar.

Segundo Berlinck, “O Cerrado é o Bioma com mais problemas mesmo. Além de estar há praticamente 3 meses sem chuva, é um ambiente que tem uma relação natural com o fogo”. Entretanto, nada há de natural na multiplicação das queimadas fora de estação produzidas pelo homem.

Fonte: Site O eco