Cinquenta aves, um jabuti, além de três armadilhas apreendidas. Esses são alguns dos números da “Operação de Carnaval” promovida pelo Instituto Estadual do Ambiente, órgão executivo da Secretaria do Ambiente do Rio de Janeiro, na região da Costa Verde. A operação ocorreu simultaneamente no Parque Estadual da Ilha Grande, nas Reservas Estaduais da Praia do Sul e da Juatinga e em Paraty.

Também foram lavrados 14 autos, entre notificações preventivas, autos de constatação, intimações e termos de apreensão e soltura. A maioria das notificações emitidas se refere à prevenção de incêndios florestais, sobretudo em áreas de camping. Já as autuações foram direcionadas aos responsáveis por manter animais silvestres presos em cativeiro.

A operação, que fiscalizou a prática de atividades, como camping, caminhadas em trilhas, pesca submarina e comércio irregular de produtos diversos, envolveu dez agentes com apoio de três viaturas e uma embarcação. As equipes percorreram diversos trechos, orientando o visitante, sempre que necessário, a adotar uma conduta adequada dentro das unidades. Os principais pontos patrulhados foram as Praias do Sono, dos Antigos, Antiguinhos, Paraty Mirim, Saco de Mamanguá e Ponta Negra.

Desenvolvida em parceria com a Polícia Militar, o Batalhão Florestal, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO) e algumas ONGs, a iniciativa tem como principal objetivo ordenar o uso público nas unidades de conservação e proteção integral, a fim de assegurar a conservação do patrimônio natural e social.

Visitação em Paraty ¿ Na Reserva Ecológica da Juatinga e em seu entorno imediato, a operação promoveu, assim como no Réveillon, a contagem de visitantes e a aplicação de cerca de dois mil questionários por monitores ambientais para levantamento do perfil sócio-econômico, além de fluxos de visitação, tempo de permanência, entre outros aspectos.

Segundo o chefe da reserva, Rodrigo Rocha, durante o carnaval, mais de 25 mil turistas circularam pela região, sendo 22.323 somente em Trindade e Paraty Mirim (área de entorno da reserva). Das cerca de três mil pessoas que estiveram nos limites da reserva, a maioria (1869) entrou por Vila Oratório, porção mais ao sul da unidade. O restante teve acesso pelas regiões de Paraty Mirim e centro de Paraty.

Ainda de acordo com o levantamento realizado, 1439 visitantes percorreram a trilha que liga Vila Oratório à Praia do Sono, e 209 passaram pelo acesso que vai de Pouso da Cajaíba à Martim de Sá.

“Um dado importante que notamos foi a redução de cerca de 35% do fluxo de turistas à região em relação ao fim de ano. No Réveillon, Trindade recebeu 35 mil turistas e agora no carnaval, esse número caiu para pouco mais de 22 mil. Estimamos que os motivos tenham sido as tragédia de fim de ano na Costa Verde e os estragos provocados pelas chuvas no Estado de São Paulo, de onde se originam a grande maioria dos visitantes”, pontuou Rocha.

As informações levantadas vão subsidiar estratégias de conservação ambiental e planos de ordenamento de uso público do local. A iniciativa, que foi realizada em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e envolveu cerca de 60 agentes, se concentrou nas praias do Sono, Martim de Sá, Pouso da Cajaíba, Ponta Negra e Saco do Mamanguá. Na Semana Santa, outro momento de pico de visitação da região, a operação será repetida.

Numa segunda etapa do trabalho a ser realizada ainda em 2010, os técnicos querem conhecer a capacidade de acomodação dos campings localizados no interior das áreas protegidas. Regiões com risco de inundação, queda de árvores ou deslizamentos de terra serão desconsideradas como áreas úteis para prática de camping. O trabalho incluirá entrevistas com pessoas que exploram a atividade e avaliações realizadas pelos técnicos e consultores dos órgãos ambientais com base na legislação sobre o tema.

Em médio prazo, na terceira etapa, será realizado o estudo de capacidade de suporte para conhecer os limites do ambiente em relação à visitação. Os órgãos ambientais não descartam a possibilidade de limitar o acesso, caso seja necessário, a partir de 2011.

JB Online