É a primeira vez que um país da América Latina sedia o evento, reunindo mais de mil representantes de 120 países

Representantes do Brasil e de outros 119 países participam, em Lima, no Peru, entre os dias 14 e 17 de março, do 4º Congresso Mundial de Reservas da Biosfera. Os participantes vão desenvolver e lançar um novo Plano de Ação para as Reservas da Biosfera referente ao período 2016-2025, além de repassar as lições aprendidas e tratar dos novos desafios enfrentados pela Rede Mundial de Reservas da Biosfera, a partir dos resultados alcançados com o Plano de Ação de Madri para as Reservas da Biosfera (2008-2013), a Estratégia de Sevilha e o Marco de Ação Estatutário (1995).

Reserva da Biosfera (RB) é um modelo de gestão integrada, participativa e sustentável dos recursos naturais, adotado internacionalmente. Essas reservas são reconhecidas pelo programa “O Homem e a Biosfera (MAB)” da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Essas áreas devem ser locais de excelência para trabalhos de pesquisa científica, experimentação e demonstração de enfoques para conservação e desenvolvimento sustentável em âmbito regional.

É a primeira vez que um país da América Latina sedia o evento, reunindo mais de mil representantes de 120 países com o objetivo de desenvolver um plano de ação para a gestão das Reservas da Biosfera, nos próximos dez anos. O Plano de Ação de Lima visa reforçar a gestão das Reservas da Biosfera, e procura conciliar a conservação da biodiversidade e o uso sustentável, em parceria com as populações locais.

A cerimônia de abertura foi presidida pela diretora-geral adjunta de Ciências da Unesco, Flavia Schlegel. Segundo ela, as Reservas da Biosfera são um modelo único, dentro do sistema das Nações Unidas, que envolvem as populações na conservação da natureza . “Isso é possível porque, por meio da ciência, educação e cultura, podemos promover os valores associados à biodiversidade e à diversidade cultural, além de propor a inovação na governança, economia e inclusão social”, acrescentou.

DESENVOLVIMENTO

Realizado a cada dez anos aproximadamente (o anterior foi em 2008), o Congresso foi organizado pelo Ministério do Meio Ambiente do Peru e pelo MAB, da Unesco, para tratar de questões relacionadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e à Agenda de Desenvolvimento Pós-2015, que inclui a educação como instrumento indispensável ao desenvolvimento sustentável, à viabilidade econômica dos sistemas de conservação da natureza, à biodiversidade e à proteção e uso sustentável dos recursos naturais.

Existem, atualmente, 651 reservas de Biosfera em 120 países. Somente no Brasil, somam sete RBs com, aproximadamente, 1,6 milhão de quilômetros quadrados, ou 18,9% do território nacional. Todas elas possuem áreas protegidas, como zonas centrais das reservas. Em Lima, o Brasil estará representado por integrantes de quatro reservas brasileiras (Amazônia Central, Mata Atlântica, Serra do Espinhaço e Cinturão Verde de São Paulo), além da diretora do Departamento de Áreas Protegidas do MMA, Moara Giasson, para quem é “essencial estimular o debate sobre as reservas de Biosfera, com esses lugares sendo identificados como prioritários para implementação de políticas específicas”.

BIOSFERAS BRASILEIRAS

No dia 3 de março, o MMA organizou uma reunião da Rede de RBs brasileiras com representantes de quatro reservas de Biosfera brasileiras – Cerrado, Mata Atlântica, Serra do Espinhaço e Cinturão Verde de São Paulo – para analisar as recomendações do Comitê Consultivo Internacional para as RBs, debater a participação brasileira no IV Congresso Mundial de RBs no Peru e definir os encaminhamentos aos Programa O Homem e a Biosfera (MAB) e RBs no Brasil. Na ocasião, Moara Giasson considerou o encontro “um marco importante para a reaproximação das reservas”, iniciada há cerca de um ano.

A diretora disse aos membros da Rede de Reservas da Biosfera Brasileiras que espera fortalecer a rede e promover novos encontros, a partir da coordenação do MMA. Também foi informado que o plano estratégico nacional para as RBs incluirá o plano operacional para 2016, aproveitando-se os cinco eixos temáticos de Lima, que são: modelos de desenvolvimento sustentável (boas práticas); colaboração e redes; parceiros externos e fundos sustentáveis; comunicação e compartilhamento de informação; e governança efetiva.

Durante a reunião, os representantes de RBs apresentaram várias recomendações, com destaque para a reformulação do Comitê Nacional (Cobramab); a organização dos zoneamentos das RBs; a Carta da Rede de RBs, com o objetivo de reforçar importância do trabalho para os governos; e um cruzamento com políticas públicas.

(Artur Hugen, com informações do MMA)