Maior estatal do país e vitrine do governo Lula, a Petrobras antecipou para outubro (mês do primeiro turno das eleições) a produção de petróleo de Tupi. Será o primeiro campo a operar em escala comercial no pré-sal da bacia de Santos.

Serão extraídos 100 mil barris/dia por uma plataforma piloto -a definitiva virá em 2012.

“Vamos antecipar a declaração de comercialidade de Tupi para outubro. Trabalhamos para isso”, disse Guilherme Estrella, diretor de Exploração e Produção da Petrobras.

Pelos trâmites legais, a Petrobras, primeiramente, tem de realizar testes para confirmar uma descoberta, avaliar seu potencial de produção e levantar as características do petróleo e do reservatório.

No caso de Tupi, diz Estrella, o chamado Teste de Longa Duração indicou que há claramente condições de declarar a comercialidade da reserva ainda neste ano. O anúncio era previsto inicialmente para dezembro de 2010 ou janeiro de 2011.

Foi constatada, segundo a empresa, “uma altíssima produtividade dos reservatórios [no caso do petróleo leve, de melhor qualidade]”.

Tupi é o primeiro campo gigante do pré-sal a ser explorado. Já está em curso a produção em teste de 20 mil barris/dia. Com a plataforma piloto, chegará a 100 mil barris/dia, ou 5% da produção atual do país.

Mas essa cifra crescerá rapidamente. Para 2012, está previsto o começo da operação da plataforma definitiva, que extrairá 200 mil barris/dia.

Até agora, só em áreas ao norte da bacia de Campos, em frente ao Espírito Santo, a Petrobras produz comercialmente no pré-sal, mas com reservas menores do que na de Santos.

Em Tupi, a Petrobras diz ter acumulações entre 5 bilhões e 8 bilhões de metros cúbicos/dia de óleo e gás. A Folha apurou que os testes indicaram que o volume do reservatório aponta mais para a faixa superior -o que já seria suficiente para dobrar as atuais reservas do país, de 14 bilhões de metros cúbicos sem contar o pré-sal.

Outras unidades de produção serão instaladas no entorno de Tupi. Segundo Estrella, no mesmo bloco exploratório, a Petrobras trabalha em duas frentes: Tupi Nordeste (nessa região do bloco) e Guará.

A previsão é começar os testes de Guará já em maio por meio de uma plataforma contratada no exterior; em Tupi Nordeste, até o fim do ano.

Conteúdo nacional
Uma das premissas do pré-sal é a exigência maior de conteúdo nacional, de 65% para 75% dos projetos. Por isso, a estatal não contrata mais um único empreiteiro para cada plataforma, mas divide as encomendas em grandes pacotes.

Já adotou esse procedimento em oito cascos das primeiras plataformas do pré-sal de Santos, concorrência vencida pela Engevix. Até o fim do semestre, vai licitar, em oito pacotes, os módulos de energia, compressão de gás e outros sistemas.

“Ganhamos escala e conseguimos reduzir custos, além de ter maior controle da cadeia de fornecedores”, disse Estrella.

Folha de São Paulo