KELLY MATOS
DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIAS BRASIL

O governo brasileiro anunciou nesta sexta-feira que decidiu transferir temporariamente os funcionários da Embaixada brasileira em Damasco para Beirute, no Líbano.

Os funcionários foram transferidos para a embaixada do Brasil em Beirute, no Líbano. Os brasileiros chegaram à capital libanesa na manhã de hoje. O governo brasileiro informou que está monitorando “continuamente a deterioração de segurança na Síria” e por isso decidiu transferir temporariamente os servidores.

De acordo com o Itamaraty, a medida não implica no fechamento da representação brasileira em Damasco. Alguns funcionários permanecerão no local para prestar apoio aos cidadãos brasileiro na Síria.

O Itamaraty informou que o funcionário Salim Joseph Sayegh permanecerá no posto como ponto de contato com o Consulado-Geral em Beirute e com a Embaixada em Amã para atender a demandas consulares.

Segundo a Agência Brasil, o embaixador do Brasil no país, Edgard Casciano, deixou a capital síria, Damasco, com destino a Beirute, no Líbano, por via terrestre. Ele foi orientado pelo governo da presidente Dilma Rousseff a retirar os funcionários e passar a atender às demandas em Beirute. Casciano aguarda orientações de Brasília para colocar em prática um plano de retirada dos brasileiros que moram na região.

O plano de retirada dos brasileiros pode ser executado nas próximas horas. Mas só será informado, segundo diplomatas disseram à Agência Brasil, quando ocorrer, para evitar riscos à segurança dos envolvidos.

Casciano disse que a violência se agravou nas ruas das principais cidades aumentando o medo e o pavor não só de estrangeiros, como também de sírios. “Impossível pôr os pés na rua com tantos tiros. É uma situação extremamente problemática”, disse ele.

O embaixador acrescentou também que a violência na capital síria atingiu tal situação que ontem ele se viu obrigado a não abrir a representação brasileira. Segundo ele, são os dias mais violentos a que assistiu no país. “Helicópteros sobrevoavam constantemente e dava para ouvir muitas explosões que, pela intensidade, eram consequência de armas pesadas.”

TENSÃO NAS RUAS

Há quatro anos em Damasco, a capital da Síria, Casciano disse que a situação na capital é ‘muito tensa’ e já não há garantias de segurança para as embaixadas estrangeiras no bairro. “Até cogitamos que o governo brasileiro enviasse agentes de segurança para proteger a embaixada. Mas, com o aeroporto fechado, a ideia foi deixada de lado”.

A estimativa é que existam cerca de 3.000 brasileiros na Síria, a maioria na região de Damasco, mas há uma comunidade na região de Latakia e Tartous, na costa do país, reduto de alauítas –grupo sectário ao qual pertence o ditador Bashar Al Assad e cristãos. De acordo com o embaixador, o número é apenas uma estimativa, pois muitos brasileiros deixaram o país antes do agravamento da situação.

Para Casciano, o clima é de “guerra aberta” na Síria. Ele disse que seus amigos sírios se mostram muito preocupados e com medo do futuro. “A guerra em Damasco os deixou extremamente apavorados”, disse ele.

fonte: Folha de S.Paulo