Um projeto piloto do novo portal de financiamento a fornecedores da Petrobras já deve estar ativo entre setembro e outubro. Como as primeiras encomendas relativas aos investimentos no pré-sal só serão formalizadas em 2011, a estatal estuda qual projeto em andamento receberá o teste de cadeia produtiva.

Como empresa-âncora do portal, à Petrobras caberá abrir aos seis bancos participantes o seu cronograma de pagamentos e os diversos contratos. A partir disso, as instituições têm como avaliar o risco e fazer propostas de financiamento às empresas que participam direta e indiretamente, chegando até o quarto elo da cadeia de suprimentos. As empresas interessadas podem se cadastrar no portal e, dentro dele, ter acesso à comparação de prazos e taxas entre os bancos para escolher qual proposta que melhor se enquadra ao seu fluxo de caixa.

Para os bancos esse é um grande filão de negócios, porque as instituições passam a ter acesso a informações do grande pagador. Mas a análise de crédito terá de considerar o risco de performance dessas empresas, se têm condições de cumprir os termos do contrato. Se, eventualmente, não entregarem o equipamento no prazo estipulado, não há pagamento.

O portal inaugurará uma nova estrutura de financiamento a fornecedores, mas não anula iniciativas anteriores. Em janeiro, a estatal anunciou que seria cotista de dois fundos de investimentos em direitos creditórios (FIDC) para adiantar recursos a pequenas e médias empresas que integram a sua cadeia de fornecimento. Nesse tipo de estrutura, o fundo compra os contratos fechados com a estatal. Só que as carteiras, criadas para levantar até R$ 4 bilhões com investidores, encontraram, na falta de familiaridade das empresas com a arquitetura do FIDC, uma barreira. O primeiro fundo, sob gestão da BI Invest, captou R$ 100 milhões, mas teve que pedir mais prazo aos cotistas para comprar pelo menos metade disso em recebíveis.

O portal será patrocinado pelo Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp), ligado ao Ministério das Minas e Energia e que fomenta a inserção de micro e pequenas empresas da cadeia de petróleo e gás. As empresas cadastradas do programa têm acesso a informações sobre mecanismos alternativos de captação de recursos, como os FIDC e fundos de “private equity” (de participação em empresas), além de enxergar as oportunidades na cadeia de suprimento.

Valor Econômico