Tamar junta forças com as comunidades no Espírito Santo para enfrentar os desafios impostos pelo desastre
 
Algumas ações vem sendo realizadas pelo Centro Tamar-ICMBio no Espírito Santo para a proteção dos ninhos de tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) e tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), duas espécies em plena temporada de reprodução em meio ao desastre ambiental. Uma dessas ações é a transferência de desovas em pontos da praia diretamente afetados pela presença dos resíduos. As desovas são levadas para locais mais afastados considerados seguros, como explica o coordenador do Centro Tamar-ICMBio, João Carlos Thomé, o que normalmente já é realizado quando são depositadas pelas tartarugas em locais bem próximos à foz do Rio Doce, ou em erosão ou expostas a algum risco.

 
As fêmeas submetidas aos possíveis perigos responderão à alteração ambiental de acordo com sua própria capacidade de adaptação, que ainda é desconhecida. O coordenador conta que apenas a partir do final da atual temporada reprodutiva, em torno de abril/2016, mais ou menos, uma análise dos dados regularmente coletados pelo Tamar possibilitará ter informações sobre possíveis mudanças no comportamento das fêmeas, por exemplo, quanto à escolha do local de desova. “Até o momento, parece que não houve alteração da escolha do local, pois as tartarugas estão saindo normalmente para desovar nas áreas atingidas pela pluma de água com sedimentos. A presença da lama no mar obrigou ampliar a área em que as ações de transferência de desovas são realizadas e intensificar o monitoramento, um trabalho que tem como objetivo a proteção dos futuros filhotes. Os que estão nascendo agora, tentamos ao máximo levá-los para locais onde o mar está mais limpo, para que o primeiro contato com a água não seja com lama”, diz Thomé.
 
Iniciou-se também a coleta de amostras de sangue de tartarugas encontradas na praia durante a desova para análises posteriores capazes de avaliar se há intoxicação por substâncias químicas eventualmente trazidas pela lama ao mar. Também estão sendo coletadas amostras da areia da praia, na profundidade onde ficam os ovos, para análises das suas condições físicas e químicas.
 
Os pesquisadores estão lidando com uma situação inédita, de grande porte e que ainda está em andamento. Graças à série histórica de dados regularmente coletados na região há mais de 30 anos pelo Projeto TAMAR será possível a partir do final da atual temporada reprodutiva iniciar uma avaliação mais concreta sobre os impactos. Só então haverá informações mais claras quanto aos efeitos das atuais alterações ambientais sobre as tartarugas marinhas que habitam e se reproduzem no litoral norte do Espírito Santo.
 
Mais informações sobre este assunto estarão registradas na REvista Ecoturismo do mês de Janeiro.
 
Fonte: Projeto Tamar