Pioneira no trabalho de logística reversa no país, a indústria de pneus prevê investir neste ano R$ 103 milhões para atender ou superar ao compromisso estabelecido com o IBAMA e dar destino correto aos pneus inservíveis que vende no Brasil  e são recolhidos em 834 pontos de coleta nos 27 estados

O descarte irregular de pneus inservíveis pode causar sérios riscos ao meio ambiente e à saúde pública, e para que isso não aconteça, a Reciclanip, entidade ligada à ANIP – Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos, coletou e destinou de forma ambientalmente correta mais de 334 mil toneladas de pneus inservíveis durante os primeiros nove meses do ano.  Esta quantia equivale a 66,8 milhões de unidades de pneus de carros de passeio retirados das ruas, estradas e rios das 27 capitais brasileiras. Um pneu é considerado inservível quando não há mais condição de ser utilizado para circulação ou reforma.

“A previsão de investimento para 2014 é de R$ 103 milhões, valor superior ao investido no ano passado. Esses recursos são utilizados para os gastos logísticos, que hoje representam mais de 60% dos nossos pagamentos, e também para todos os investimentos na destinação correta. Temos hoje mais de 834 pontos de coleta e uma média de 70 caminhões transitando diariamente, em todos os dias do ano. Toda essa complexa operação logística é comandada pela Reciclanip, que já tem experiência acumulada desde 1999, quando começou a coleta pelos fabricantes”, explica Alberto Mayer, presidente da ANIP (Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos) e da Reclanip. Ele lembra que este ano a operação completa 15 anos de atividades, sem interrupções. “Temos insistido com as áreas de governo para que isente de impostos a operação de reciclagem, não só de nosso setor, como dos demais, mas ainda não tivemos sucesso neste pleito”, diz o presidente da ANIP.

Desde 1999, quando os fabricantes de pneus iniciaram esse processo, 2,97 milhões de toneladas de pneus inservíveis foram coletados e destinados adequadamente, o equivalente a 594 milhões de pneus de passeio. Desde então, os fabricantes de pneus já investiram R$ 581,3 milhões no programa até setembro de 2014. “Infelizmente nem tosos os importadores procedem da mesma maneira, criando uma concorrência desleal pela redução de seu custo, além CE deixarem um passivo ambiental”, acrescenta Alberto Mayer.

Sugestão de Box –  Aumento do ponto de coleta

2014 – 834 –  até setembro de 2014

2013 – 824

2012- 743

2011 – 726

2010 – 576

2009 – 437

2008- 339

2007- 270

2006 – 220

2005 – 135

2004 – 85

Logística reversa

Os 834 pontos de coleta atuais estão distribuídos em todos os estados e Distrito Federal e foram criados em parceria, em princípio com prefeituras de municípios com mais de 100 mil habitantes ou um consórcio de municípios que possibilite atingir esse número mínimo. As prefeituras cedem os terrenos dentro das normas específicas de segurança e higiene para receber os pneus inservíveis vindos de origens diversas. O responsável pelo Ponto de Coleta comunica à Reciclanip sobre a necessidade de retirada do material quando atinge a quantidade de 2 mil pneus de passeio ou 300 pneus de caminhões. A partir daí, a Reciclanip programa a retirada do material com os transportadores conveniados.

Para saber onde levar pneus inservíveis é só consultar a lista com todos os pontos de coleta que está no site www.reciclanip.org.br

Reaproveitamento ou queima

No Brasil, os pneus inservíveis recolhidos pela Reciclanip são reaproveitados de diversas formas. Depois de moído o pneu, a borracha é separada dos demais componentes, especialmente do aço e o tecido, que também são reutilizados. Entre os produtos que reutilizam a borracha estão tapetes para automóveis e outros veículos, solados de sapato, materiais de vedação, dutos pluviais, pisos para quadras poliesportivas e pisos industriais. Parte da borracha moída e separada também é misturada ao asfalto para uso em pavimentação, gerando o asfalto borracha, que apresenta importantes vantagens de segurança e durabilidade.

A maioria dos inservíveis é, no entanto, queimada como combustível alternativo nas indústrias de cimento, operação cercada de todos os cuidados ambientais necessários, com o uso de sistemas especiais de filtração e retenção. Todas estas destinações são aprovadas pelo IBAMA como destinações ambientalmente adequadas.

“É muito importante que o consumidor tenha a consciência de não levar pneus velhos pra casa. Sempre que ele comprar um pneu novo, ele deve deixar seu pneu inservível na loja, que tomará as providências necessárias para que o pneu chegue até nosso ponto de coleta. Os pneus inservíveis descartados de forma errada contribuem para entupimentos de redes de águas pluviais e enchentes, poluição de rios e ocupam um enorme volume nos aterros sanitários e podem ainda ser foco para o mosquito da dengue. Se queimados de forma errada, geram poluição atmosférica”, diz Mayer.

Sobre a ANIP e Reciclanip

A ANIP – Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (www.anip.org.br), fundada em 1960, representa a indústria de pneus e câmaras de ar instalada no Brasil, que compreende onze empresas e 17 fábricas instaladas nos Estados de São Paulo (sete), Rio de Janeiro (três), Rio Grande do Sul (duas), Bahia (três), Paraná (uma) e Amazona (uma). Ao todo, responde por 26 mil empregos diretos e 120 mil indiretos. O setor é apoiado por uma rede com mais de 5 mil pontos de venda no Brasil com 40 mil empregos. Em 2007 a ANIP criou a Reciclanip, voltada para a coleta e destinação de pneus inservíveis no País. Originária do Programa Nacional de Coleta e Destinação de Pneus Inservíveis, de 1999, a Reciclanip é considerada uma das principais iniciativas na área de pós-consumo da indústria brasileira, por reunir mais de 800 pontos de coleta no Brasil. Desde 1999, quando começou a coleta dos pneus inservíveis pelos fabricantes, mais de 2,97 milhões de toneladas de pneus inservíveis, o equivalente a 594 milhões de pneus de passeio, foram coletados e destinados adequadamente.

Seguindo o modelo de gestão de empresas européias, com larga experiência na coleta e destinação de pneus inservíveis, a Reciclanip é diferente no quesito remuneração. Em outros países, as empresas são pagas pelos vários agentes da cadeia produtiva para cobrir as despesas operacionais e garantir a destinação de pneus inservíveis. Os consumidores europeus, quando compram novos pneus para seus veículos, por exemplo, são obrigados a pagar uma taxa para a reciclagem dos pneus velhos. Aqui no Brasil, os fabricantes de pneus novos, representados pela ANIP, arcam com todos os custos de coleta e destinação dos pneus inservíveis, como transporte, trituração e destinação.