Porto Digital tem 200 empresas que faturam, juntas, R$ 1 bi; no Rio Grande do Sul, antiga área calçadista lidera patentes

Inauguração de 85 novos polos pode fazer o setor de tecnologia representar 6% do PIB nacional até 2020

DE SÃO PAULO

As regiões que criaram parques tecnológicos para impulsionar a atividade industrial já sentem mudança em seu perfil econômico.

Pernambuco, que abriga o Porto Digital, maior parque segundo a Anprotec (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores), notou o fenômeno na última década.

Com a atração de empresas multinacionais e brasileiras, o setor de tecnologia que representava 1,6% do PIB estadual em 2001 já chega a 4%.

Sediado em Recife, o Porto Digital tem 200 companhias em 1 milhão de metros quadrados. O faturamento combinado das empresas chegará a R$ 1 bilhão em 2011.

“Até os anos 90, não havia empresas de alta tecnologia. Isso gerava um êxodo de profissionais”, diz Sérgio Cavalcante, do Centro de Estudos Avançados do Recife (Cesar), uma das principais organizações do Porto.

O Cesar desenvolve sistemas e celulares sob encomenda, incuba empresas e tem curso de mestrado em engenharia de software.

PATENTES

Outro exemplo vem do Parque Tecnológico do Vale dos Sinos, na região metropolitana de Porto Alegre (RS), que tem 19 empresas com faturamento de R$ 200 milhões.

A atração dessas companhias fez com que municípios que durante décadas tiveram suas principais atividades concentradas na indústria calçadista diversificassem para os setores de eletrônica, de telecomunicações e de automação industrial.

“Alguns dos principais ativos desenvolvidos na região são 98 patentes”, diz Oliverio Maria Ferreira, presidente do conselho do parque.

Atrair empresas que desenvolvam capital intelectual é hoje um dos desafios de Jundiaí (SP). Entre os planos para seu parque tecnológico estão empresas de jogos eletrônicos, cinema e animação.

Uma das táticas para atrair empresas do ramo é formar animadores em um curso técnico gratuito, frequentado pelos irmãos Igor e Ivan Lopes, 22 e 25, que começaram uma empresa de aplicativos para tablets e aguardam a chegada de outros potenciais empregadores. Desde o ano passado 50 profissionais se formaram no curso.

“Parques tecnológicos são ambientes ideais para a indústria criativa”, diz Francilene Garcia, da Anprotec.

Hoje existem 30 parques tecnológicos em operação e 85 iniciativas em desenvolvimento, que poderão contribuir para ampliar a participação do setor de 4,4% do PIB nacional para 6% até 2020.

fonte: folha de sp