Local onde morreu Lampião e Maria BonitaNa madrugada de 28 de julho de 1938, Lampião e seus colegas descansavam no acampamento próximo a um riacho que divisa os municípios de Canindé de São Francisco e Poço Redondo.

Conforme relatos dos policiais que participaram da operação, Lampião estava tranquilo, pois, além de o local ser de difícil acesso, horas antes ele recebera de homens de sua confiança informação de que a polícia buscava seu bando no norte de Alagoas. A falsa notícia havia sido espalhada pela própria polícia para despistar o rei do cangaço.
Armados com espingardas e metralhadoras, os policiais, comandados pelo tenente João Bezerra, cercaram o acampamento de Lampião e abriram fogo. O líder dos cangaceiros foi um dos primeiros a morrer. Maria Bonita, sua mulher, em prantos teria caído sobre o corpo de Lampião. Relatos dos que participaram da ação indicam que a mulher pediu clemência, mas foi baleada.

Dos 34 cangaceiros presentes, 23 conseguiram fugir. Dos restantes, oito morreram durante os 20 minutos de tiroteio e três ficaram gravemente feridos.

Os 11 capturados foram decapitados –três deles ainda vivos: Maria Bonita, Quinta-Feira e Mergulhão. Do lado policial, um recruta morreu baleado.
Com as cabeças dos cangaceiros nas bagagens, os policiais partiram para Piranhas, onde expuseram os restos mortais como troféus da bem-sucedida operação policial. Após percorrerem diversas cidades nordestinas, as cabeças ficaram expostas durante anos em um museu em Salvador. Somente em 1969 elas foram enterradas.

Atualmente, o riacho não corre mais na grota. Na paisagem estéril, grandes pedras chatas servem como cadeiras para o turista se sentar e visualizar o último acampamento de Lampião.

Sobre uma grande formação rochosa, duas cruzes marcam o local onde termina a rota do cangaço. Gravados numa placa ao lado das cruzes estão os apelidos dos cangaceiros mortos naquela madrugada: Lampião, Maria Bonita, Quinta-Feira, Mergulhão, Luis Pedro, Elétrico, Enedina, Moeda, Alecrim, Colchete e Macela.

Fonte: Folha de São Paulo

Foto: Maria Hsu