A 62ª reunião anual da Comissão Internacional de Baleias (IWC) encerrou hoje sem que os governos conseguissem chegar a um acordo com relação à proposta sobre a caça às baleias.

A reunião, que teve início na segunda-feira, foi realizada a portas fechadas, sem a presença de sociedade civil ou mídia. A IWC não permitiu que ONGs se manifestassem durante o evento, até o fim da quinta-feira.

As negociações sobre a proposta encaminhada pela Presidência da Comissão da IWC, que pretendia reduzir a caça à baleia e colocar essa atividade sob controle IWC, terminaram em fracasso.

A Rede WWF não apoiou a proposta em seu texto original, mas fez um apelo à IWC para que encontrasse uma solução que, no mínimo, eliminasse a caça às espécies de baleias que estão ameaçadas de extinção e também a realização da prática nos oceanos do Sul, área considerada essencial para a alimentação das baleias.

Para a Rede WWF, as baleias continuam vulneráveis com a perspectiva de as frotas japonesas caçarem nos oceanos do Sul, em nome da ‘ciência’. A rede de organizações considera essencial que a IWC assuma sua responsabilidade e desempenhe um papel relevante na proteção a esses animais que são fundamentais para a saúde dos oceanos.

“Nessa reunião da IWC, novamente a política venceu a conservação das baleias. A proibição da caça em escala comercial era um dos maiores sucessos de conservação da nossa era e salvou muitas espécies de baleias que estavam à beira da extinção.”, afirma Wendy Elliott, coordenador de espécies do WWF Internacional.

Elliot ainda chamou a atenção para o fato de que este Ano Internacional da Biodiversidade tem sido desastroso para espécies marinhas, principalmente por causa da desqualificação da opinião científica por parte de alguns governos. Nesse sentido, o coordenador lembrou que durante a reunião da CITES – a Convenção das Nações Unidas sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas –, a comunidade internacional fracassou e não conseguiu chegar a um acordo sobre a proteção essencial para as diversas espécies marinhas, inclusive a proibição do comércio internacional do atum azul do Oceano Atlântico, que é uma necessidade urgente.

“Essa tendência de não proteger nosso ambiente marinho precisa ser revertida; caso contrário, à medida que os oceanos forem se esvaziando, o mundo inteiro – e não apenas os países pesqueiros e que caçam baleias – enfrentará um grave perigo”, disse Elliot.

Para o coordenador de espécies, é preciso que na próxima reunião de nível gerencial da Comissão Internacional de Conservação do Atum do Atlântico, que acontece em novembro deste ano, a comunidade internacional implemente um plano de recuperação e manejo da pesca do atum do Atlântico que tenha base científica.

Ele ainda apontou um avanço neste sentido: esta semana, a Comissão decidiu investigar os impactos da exploração e do desenvolvimento de projetos de petróleo e gás no Ártico, uma iniciativa fundamental após o vazamento desastroso de óleo no Golfo do México.

Participação de ONGs

Mammadou Diallo, da Rede WWF, que foi um dos representantes de ONG a falar na reunião da IWC, na quinta-feira, sugeriu que a Comissão adotasse um mecanismo semelhante ao praticado em outras convenções internacionais, como a CITES. Segundo esse mecanismo, as ONGs participam da tomada de decisão por meio de intervenções sobre os itens da agenda, feitas após a manifestação dos governos.

Diallo disse ainda que a IWC deveria considerar a criação de um programa de apoio aos delegados dos países em desenvolvimento para evitar alegações de compra de voto, tal como foi publicado em reportagens da mídia antes da reunião desta semana.

WWF-Brasil