Empresa foi a vencedora de desafio que busca negócios de impacto positivo à natureza

Para muitos, conservar a natureza significa barrar o desenvolvimento econômico de determinada região. Porém, vários modelos de negócios vêm mostrando cada vez mais que desenvolvimento e conservação têm tudo a ver um com o outro e devem andar juntos. A fim de engajar e incentivar empreendedores, a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, em parceria com a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC), lançou um desafio que buscou negócios de impacto positivo na conservação da biodiversidade nacional.
A carioca Mancha, startup que produz tintas orgânicas para utilizar em educação infantil, soluções de design, peças e ações de comunicação, foi a grande vencedora do desafio. A empresa tem como princípio o desenvolvimento e a pesquisa de tintas orgânicas produzidas com pigmentos, aglutinantes e fixadores naturais. São mais de 50 cores compostas por pigmentos retirados de matérias-primas naturais como o açafrão, a canela da china, a beterraba e o cacau, além das espécies nativas juçara e erva-mate, que podem ser aplicadas em papel e madeira.
“Utilizamos tudo que dá cor na natureza. Desde flores, frutos e raízes até folhas e cascas. As tintas orgânicas buscam substituir, dentro do possível, as tintas tóxicas e processos de produção em massa. Além disso, quando aplicadas em papeis orgânicos e biodegradáveis e madeiras, continuam o ciclo da natureza”, explica Pedro Ivo Costa, sócio-fundador da Mancha.
Os produtos da startup são uma alternativa bem-sucedida ao processo produtivo tradicional de tintas derivadas do petróleo, que interfere no equilíbrio dos sistemas ecológicos, impactando água, contaminando solo e poluindo o ar.

São mais de 50 cores compostas por pigmentos retirados de matérias-primas naturais como o açafrão, a canela da china, a beterraba e o cacau, além das espécies nativas juçara e erva-mate, que podem ser aplicadas em papel e madeira. Foto: Victor Lanari.

Segundo a Superintendente Executiva da Anprotec, Sheila Oliveira Pires, a ideia de apoiar e incentivar startups de impacto socioambiental está alinhada ao propósito da Associação. “Estamos muito satisfeitos com essa parceria e com o resultado do programa. Temos feito diversos movimentos no sentido de aproximar o universo das startups com grandes corporações praticando e incentivando a inovação aberta e colaborativa. Isso permite com que as pequenas empresas vislumbrem oportunidades de negócios já com o apoio em termos de conhecimento e expertise das grandes empresas”, explica Sheila. “O tema desse desafio é a pauta do dia em todo o mundo, é que está mobilizando toda a sociedade”, acrescenta.
Como prêmio do desafio, a Mancha teve a oportunidade de participar de uma imersão em negócios e conservação da natureza nas instalações do Grupo Boticário em São José dos Pinhais (PR) e na Reserva Natural Salto Morato, unidade de conservação mantida pela Fundação Grupo Boticário, localizada em Guaraqueçaba, no litoral paranaense.
“A imersão e a mentoria proporcionadas pelo desafio nos trouxeram várias ideias que serão adotadas na construção do nosso modelo de negócio, fazendo com que ele contemple toda a cadeia produtiva de maneira sustentável, pensando inclusive na forma como os vegetais que usamos como matéria-prima são cultivados, tornando todas as etapas parte desse conceito de impacto positivo ao meio ambiente, que é maior do que só não causar danos à natureza”, comenta Amon Pinto, sócio da Mancha.
Guilherme Karam, coordenador de estratégias de conservação da Fundação Grupo Boticário, explica que o desafio foi criado para estimular empreendedores e startups a incorporar em seus negócios a conservação da biodiversidade. “Um dos grandes diferenciais que vimos na Mancha foi o fato de ela trabalhar com o desenvolvimento de uma solução para um produto já existente, que é a tinta, trazendo um impacto positivo para a natureza. A ideia e a operação da Mancha já existem, então vimos que tínhamos muito a contribuir do ponto de vista da conservação da natureza como modelo de negócio, para o desenvolvimento e fortalecimento da cadeia produtiva e da estrutura dessa nova startup, uma vez que a utilização estruturada de espécies nativas, que dependem da floresta conservada, tem um grande potencial de gerar valor à manutenção dessa floresta”.