Nesse mês de março, uma donzela cheia de encantos e recantos comemora suas 17 primaveras. Ou melhor, 17 outonos. Ela nasceu em 15 de março de 1992, sob o signo de Peixes, mas foi registrada duas semanas depois, no dia 30, como Áries. Assim, a bela e sedutora adolescente possui características do primeiro e do último signo zodiacal. Guarda segredos de Netuno e vive em estado de graça e de festa. Mas também é fogosa e celebra suas paixões em pleno calor do verão. Seu nome mistura poesia e explosão: Bombinhas.

bbnh-1150-web60.jpg Entre a mata e o mar, Bombinhas revela morros e enseadas que fascinam aqueles que a descobrem.

Sim, escrevo sobre uma península catarinense que invade, com seus tentáculos, um mar de águas claras e convidativas. Bombinhas, apesar de ser o menor município do estado, abriga umas 30 praias diferentes. Podem ser tão selvagens como plácidas, abarrotadas como desertas. Praias para crianças e crescidos, baladas e caminhadas, ricos e pobres, brasileiros e argentinos.

Ouvi de um carioca que Bombinhas possui algo de Búzios: praias extensas ou escondidas, em forma de ferradura. De um paulista, que a beleza do litoral norte passou por aqui: o verde da Mata Atlântica de Ubatuba se esparrama até o azul da água e o branco da areia.

bbnh-1032-web40.jpgQuando meu amigo Flavio Calzolari me disse que seu xará, Flavius Neves, era o cara certo para me mostrar Bombinhas, não duvidei. Na manhã seguinte, lá estou ao lado do comandante Flavius, a mil pés de altura, em seu ultraleve (foto).

Pode ser complicado, oneroso e algumas vezes impossível, mas a foto aérea traz um charme adicional. Ver o mundo lá de cima dá uma quarta dimensão a nosso planeta.

De repente, entendemos melhor onde estamos. O desenho de um rio, as curvas do litoral, a urbanização que não para de se alastrar ou as áreas verdes que se defendem, com coragem, da detonação ambiental. Lá do alto, podemos compreender o quebra-cabeça.

Bombinhas tem uma forma curiosa. É um cabo de três pontas. Como um avião com seu corpo cônico e duas asas disformes. Ou um dragão alado imaginário. Outros acham que o promontório parece mais a uma célula ou aos braços de um neurônio. Adjetivos e metáforas à parte, a geografia de Bombinhas é sua força – razão pela qual quem se aproxima da jovem é tomado de amor à primeira vista.

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A praia de Morrinhos é a continuação da praia de Zimbros, à direita. Ao redor, muita Mata Atlântica.

Céu azul e voo de brigadeiro. Passamos em cima de uma mata bem preservada e chegamos à praia de Zimbros. Um círculo em volta do Sítio Olho d’Água, a pousada do Flavio, arranca acenos lá de baixo. Pelas duas praias seguintes, Morrinhos e Canto Grande, chegamos ao Morro do Macaco. Antes de saber que eu estaria nessa máquina voadora, eu já havia realizado, na véspera, uma caminhada até o topo, sempre em busca do olho de um pássaro.

Seguimos o contorno selvagem e nos aproximamos da selvageria urbana. Mesmo se camuflados, os pontos de concretos se multiplicam. A longa avenida das duas praias principais – Bombas e Bombinhas – está entupida de animaizinhos multicoloridos de quatro rodas. Lá do céu, a imagem tem até um encanto.

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Uma estreita faixa de areia separa as praias calmas de Canto Grande e Morrinhos (à esq) das ondas perfeitas para surfe da praia do Mariscal. No primeiro plano, o Morro do Macaco.

Mas para quem está no tráfego congestionado, suando e sem se mexer, a graça da moça de 17 anos é colocada em questão. Mulher bonita no pico do verão não passa despercebida e Bombinhas é assediada por aqueles que conheceram, algum dia, seu charme. Durante as férias, sua população fixa de 14 mil habitantes é multiplicada por três, quatro ou cinco. Mas não existe ainda infraestrutura para receber tanta gente. Falta água e sobra esgoto. Para Flavio Calzolari, a solução é entrar na cidade e não usar carro na avenida central. “Ou encontrar um pequeno sítio em uma praia fora do buchicho, como fiz”, afirma o carioca que sucumbiu ao encanto da adolescente. “Eu ainda vivo em um paraíso.” Mas essa menina precisa tomar jeito antes de chegar à maturidade. O novo prefeito Maneca que cuide bem dela!

fonte: Época