A Câmara de Vereadores de Porto Alegre aprovou moção de repúdio ao projeto de reforma do Código Florestal, em tramitação no Senado Federal. A moção, aprovada por 15 votos favoráveis e oito contrários, foi requerida pelos vereadores do PSOL Fernanda Melchionna e Pedro Ruas.

A decisão dos parlamentares de Porto Alegre está em consonância com o que pensa a população brasileira, de acordo com pesquisa do instituto Datafolha. O estudo, realizado entre 3 e 7 de junho, mostrou que a maioria da população não concorda com os principais pontos do texto. Para 85% dos entrevistados, a prioridade deve ser a proteção das florestas e dos rios, e não a produção agropecuária.

A pesquisa, que ouviu 1.286 pessoas em todo o Brasil, concluiu também que apenas 5% da população concordam com o perdão a desmatadores em relação à reposição da vegetação natural, mesmo que tenham derrubado florestas para produzir.

A população tampouco concorda com a proposta de anistiar as multas aplicadas. Uma das propostas do novo Código Florestal é que todos os proprietários de terra que desmataram ilegalmente até junho de 2008 fiquem isentos de multas e punições. O Datafolha perguntou se o entrevistado era “a favor ou contra que esses proprietários de terra sejam perdoados das multas”, e 79% das pessoas ouvidas disseram ser contra perdoar as multas.

O mesmo percentual de brasileiros também considera que, se a anistia for aprovada pelo Congresso, a presidente Dilma deveria vetar o perdão.

A pesquisa mostrou, ainda, que os eleitores não estão dispostos a votar novamente em parlamentar que votar a favor da isenção de multas e de punições aos proprietários de terra que desmataram ilegalmente. Entre os entrevistados, 84% disseram que não votariam novamente nestes parlamentares.

A vereadora Fernanda Melchionna considera o texto de reforma do Código Florestal um retrocesso sem precedentes na política ambiental. “O relatório desmonta a nossa legislação ambiental e permite o desmatamento desenfreado”, disse.

De acordo com a vereadora, é fundamental agora que a sociedade se mobilize para pressionar o Congresso e o Governo Federal. No domingo (26), a população de Porto Alegre participa de protesto contra a reforma do Código Florestal. O ato ocorre pela manhã, no Brique da Redenção.

De acordo com o superintendente de conservação do WWF-Brasil, Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza, a proposta de reforma do código Florestal implica em imensas perdas econômicas para o setor agropecuário no Brasil. As perdas, segundo o ambientalista, estão relacionadas a pelo menos três pontos: acesso a mercados, acesso a pagamentos por serviços ambientais e gestão de recursos naturais, base da agricultura.

“A tendência dos mercados mundiais é de ampliação de espaço para produtos sustentáveis, ao mesmo tempo em que os consumidores não querem adquirir nada que signifique agressão à natureza”, diz Scaramuzza.

fonte: WWF